Pergunta
Por que Deus ordenou a matança de pessoas no Antigo Testamento?
Resposta
Desde o início, Deus atribuiu um valor extremamente grande à vida humana: "Assim Deus criou o ser humano à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou" (Gênesis 1:27). Deus disse a Noé que Ele "exigiria uma prestação de contas pela vida de outro ser humano" porque "Deus fez o ser humano segundo a sua imagem" (Gênesis 9:5-6).
Em Êxodo 20:1-21, Deus promulgou os Dez Mandamentos, o coração da lei hebraica. Aqui, Deus delineou os princípios absolutos da vida moral e espiritual para Seu povo. Suas intenções não poderiam ter sido mais claras: "Não matarás" (Êxodo 20:13; veja também Deuteronômio 5:17). Assassinato é o ato ilegal e intencional de tirar uma vida. Os versículos bíblicos do Novo Testamento afirmam ainda mais a sacralidade da vida humana (Mateus 5:21; Romanos 13:9; 1 Timóteo 1:9; 1 João 3:15; Tiago 2:11-12).
Se Deus dá um valor tão alto à vida de cada ser humano, então por que Ele intencionalmente ordenou a morte de muitas pessoas no Antigo Testamento? No Grande Dilúvio (Gênesis 6:1-8:22), Deus destruiu toda a vida terrestre da Terra, com exceção de um remanescente. Outros exemplos significativos de Deus matando pessoas incluem a destruição de Sodoma e Gomorra (Gênesis 19:1-29) e o afogamento do exército egípcio no mar (Êxodo 14:26-31). Deus instruiu Israel a executar todos em Jericó, com exceção de Raabe e sua família (Josué 6:17, 21). Em um relato menos conhecido, Deus enviou leões para matar alguns ex-patriotas assírios (2 Reis 17:25-26).
Os céticos da Bíblia frequentemente perguntam: por que é aceitável que Deus mate ou ordene a matança de pessoas? A resposta não é complicada: Deus, como Criador do Universo, é o Autor da vida (Atos 3:15). Somente Ele possui o direito e a autoridade para dar a vida e tirá-la (Gênesis 2:7; Jó 1:21; 12:10; Atos 3:15; 17:25). Deus também é o único juiz justo do pecado (Isaías 13:11; 26:21; Salmo 99:8; Provérbios 11:21; Amós 3:14; Sofonias 1:12; Romanos 2:12; 1 Tessalonicenses 4:6). Quando as pessoas cometem o mal, Deus tem o direito e a autoridade de aplicar Sua punição e, às vezes, a única punição adequada para o crime é a morte (Gênesis 2:17; Levítico 20:1-17; Provérbios 11:19; Romanos 1:32; 1 Coríntios 11:29-30).
A Bíblia afirma claramente que "o salário do pecado é a morte" (Romanos 6:23). Deus disse a Adão e Eva que, se eles desobedecessem às Suas ordens, morreriam (Gênesis 2:17). Na época do Dilúvio de Noé, os seres humanos haviam violado gravemente seu lugar na ordem de Deus, mais uma vez ultrapassando os limites que Deus havia estabelecido para eles (Gênesis 6:1-4). O dilúvio foi a punição divina de Deus para as pessoas iníquas. O pecado havia se tornado tão generalizado que Deus precisava reafirmar Seu senhorio e dar à humanidade um novo começo e outra chance de obedecê-Lo.
Por não sermos Deus, não temos o direito de acabar com uma vida humana, exceto em ocasiões extremamente raras permitidas por Deus. O Senhor disse a Israel para exterminar as nações cananeias e matar todos, inclusive mulheres e crianças. Somente Ele tem o direito de fazer isso; os israelitas não podiam escolher quem destruir por conta própria. A destruição dos cananeus no livro de Josué foi a punição divina de Deus contra pessoas iníquas. Deus usou Israel como meio de aplicar essa punição, como Ele explicou: "Saibam, pois, hoje que o Senhor, seu Deus, é que vai adiante de vocês. Ele é fogo que consome; ele os destruirá e os subjugará diante de vocês. Assim, vocês os expulsarão e, depressa, os farão desaparecer, como o Senhor prometeu a vocês. Quando, pois, o Senhor, seu Deus, tiver expulsado essas nações de diante de vocês, não fiquem pensando: 'É por causa da nossa justiça que o Senhor nos trouxe a esta terra para que tomemos posse dela.' Pelo contrário, é por causa da maldade dessas nações que o Senhor irá expulsá-las de diante de vocês. Não é por causa da justiça de vocês, nem por causa da retidão do seu coração que vocês entrarão para possuir a terra dessas nações, mas o Senhor, o seu Deus, as expulsará de diante de vocês por causa da maldade delas e também para confirmar a palavra que o Senhor, o seu Deus, jurou aos seus pais, Abraão, Isaque e Jacó" (Deuteronômio 9:3-5). Deus também advertiu Seu povo para que não se envolvesse nas práticas idólatras e detestáveis dos cananeus (Deuteronômio 12:29-13:18).
Após o dilúvio, Deus estabeleceu um convênio com Noé para nunca mais destruir a Terra pela água. Ele também deu esta ordem: "Certamente requererei o sangue de vocês, o sangue da vida de vocês; de todo animal o requererei, bem como do ser humano; sim, de cada um requererei a vida de seu semelhante. Se alguém derramar o sangue de uma pessoa, o sangue dele será derramado por outra pessoa; porque Deus fez o ser humano segundo a sua imagem" (Gênesis 9:5-6). Aqui, Deus explica que qualquer um que matar outra pessoa será responsabilizado por Deus. A punição de Deus envolveu a execução do assassino por outro agente humano da justiça que trabalhava em nome de Deus.
A humanidade ainda estava corrompida pelo pecado após o dilúvio. Mas, em vez de erradicar periodicamente os malfeitores da face da Terra, Deus entregou aos humanos a tarefa de realizar a Sua justiça na Terra (Romanos 13:4; Jeremias 51:20). Às vezes, essa tarefa envolve acabar com outra vida humana como penalidade por assassinato. Entretanto, os indivíduos não devem realizar justiça ou vingança de forma independente. Deus reservou essa autoridade para os poderes governamentais (Romanos 13:1-14).
De acordo com a Lei Mosaica, Deus às vezes prescrevia a pena de morte para outros crimes além do assassinato (Êxodo 22:18-20; 35:2; Deuteronômio 21:18-21). Embora essas estipulações de pena capital possam parecer severas pelos padrões atuais, no contexto, elas ajudaram a manter os israelitas puros e os diferenciaram dos povos pagãos vizinhos. O padrão santo de Deus contrasta fortemente com a depravação do pecado e o grau de sua destrutividade na sociedade. Como o restante da lei, esses regulamentos foram cumpridos em Jesus Cristo e não são mais obrigações legalistas para o povo de Deus (Mateus 5:17; João 1:17; Romanos 10:4). Hoje, as únicas condições moralmente justificáveis para matar outra pessoa envolvem questões de autodefesa, a pena de morte para o crime de assassinato e matar em tempos de guerra. Entretanto, mesmo nessas situações, os cristãos nem sempre concordam.
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