Resposta:
A sugestão de que José era casado antes de ser mencionado nas Escrituras como noivo de Maria é completamente fictícia (Lucas 1:26-27). Não há evidência nas escrituras, nem mesmo uma sugestão sutil, de que José tenha sido casado com outra pessoa além de Maria. Não sabemos a idade de José, e é possível que ele fosse consideravelmente mais velho do que Maria. Esse tipo de arranjo era comum naquela época. Ao mesmo tempo, é igualmente provável que José fosse apenas alguns anos mais velho do que Maria. A idade de José é irrelevante, pois não é mencionada na Bíblia e não tem nada a ver com o fato de ele ser ou não viúvo.
A ideia de que Maria era a segunda esposa de José teve origem na tradição católica em um esforço para explicar a existência dos "irmãos e irmãs" de Jesus (Mateus 13:55). Alguns dos irmãos de Jesus são até mesmo citados na Bíblia: Tiago, José, Simão e Judas. A tradição católica há muito tempo afirma que esses indivíduos podem ser, na verdade, primos de Jesus ou filhos de José de um casamento anterior. Os católicos, com a ajuda de alguns livros pseudepigráficos, construíram um relato totalmente fictício de José, dizendo que ele era um homem mais velho, casado e com muitos outros filhos antes de cortejar Maria. Essa teoria é crucial para a teologia católica a fim de fundamentar sua doutrina de que Maria permaneceu virgem, mesmo depois de dar à luz Jesus.
É verdade que Maria era virgem quando o anjo Gabriel apareceu a ela para anunciar que Deus a havia escolhido para ser a mãe do Messias (Lucas 1:34-35). E a Bíblia deixa claro que ela ainda era virgem quando deu à luz Jesus (Mateus 1:25). Mas José havia escolhido Maria para ser sua esposa (Mateus 1:20), e não há nenhuma sugestão de que o papel dela como esposa de José fosse de alguma forma diferente do papel de qualquer outra esposa. Mateus 1:25 diz: "Mas não a conheceu na intimidade enquanto ela não deu à luz um filho; e deu-lhe o nome de Jesus" (ênfase adicionada). A palavra enquanto fala de uma mudança na primeira ação. A implicação é que a consumação do casamento ocorreu após o nascimento do filho de Maria. O significado é semelhante ao desta frase: "João não podia acessar seu fundo fiduciário até completar 25 anos". Até significa que houve um momento em que a primeira ação (não ter acesso) mudou para outra coisa (acesso). A estrutura de Mateus 1:25 sugere claramente que a consumação ocorreu, de fato, após o nascimento.
Se outras crianças estivessem presentes antes do casamento de José com Maria, é provável que fossem mencionadas em um dos relatos dos evangelhos sobre o nascimento de Cristo, especialmente a descrição muito detalhada de Lucas sobre a viagem a Belém (Lucas 2:1-20) e o relato de Mateus sobre a fuga subsequente para o Egito (Mateus 2:13-15). No versículo 13, Mateus registra o anjo dizendo a José: "Levanta-te, toma o menino e a mãe e foge para o Egito; permanece lá até que eu fale contigo; porque Herodes procurará o menino para matá-lo." José deve levar duas pessoas, Maria e Jesus, e não uma prole maior de um casamento anterior.
Em seguida, em Mateus 1:20-21, o anjo diz novamente a José: "José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, pois o que nela foi gerado é do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, a quem darás o nome de Jesus;* porque ele salvará seu povo dos seus pecados." Novamente, apenas Maria e o Menino Jesus são mencionados. Não há crianças mais velhas, o que implicaria que os irmãos e irmãs subsequentes de Jesus eram todos mais jovens e surgiram como resultado natural das relações conjugais normais de Maria e José.
Muitas vezes, é tentador tentar fazer com que as Escrituras digam algo que não dizem, a fim de criar uma teologia que nos agrade. Mas devemos nos lembrar de um princípio básico de interpretação das escrituras: "Sempre que possível, deixe que as Escrituras interpretem as Escrituras". Temos problemas quando tentamos fazer com que a Palavra de Deus se encaixe em nossas ideias preconcebidas ou em uma doutrina que consideramos reconfortante. A noção do casamento anterior de José é uma dessas ideias e não tem fundamento na Palavra de Deus.
