Resposta:
Nos primeiros séculos da igreja, houve muito debate sobre a natureza de Deus: Jesus era totalmente Deus, totalmente homem ou uma mistura dos dois? Deus existe como três Pessoas co-eternas e co-iguais, ou Ele é apenas uma Pessoa que se manifesta de maneiras diferentes em momentos diferentes? Qual é o relacionamento entre o Espírito Santo e o Pai? Parte do debate no segundo e terceiro séculos envolveu um ensinamento conhecido como Monarquianismo Dinâmico, uma visão falsa da natureza de Cristo.
O monarquianismo ensinava a unidade indivisível de Deus (a palavra latina monarchia significava "governo único"). É claro que a crença em um único Deus é fundamental para o cristianismo, mas o monarquianismo pressionou o monoteísmo a ponto de negar a natureza trina de Deus. O monarquianismo leva inevitavelmente à falsa doutrina do patripassianismo, o ensinamento de que Deus, o Pai, sofreu na cruz com (ou como) o Filho.
O monarquianismo assumiu duas formas principais, o Monarquianismo Dinâmico (ou adocionista) e o Monarquianismo Modalista. O Monarquianismo Modalista é a visão de que Jesus era Deus, mas somente em virtude do fato de que Jesus era uma das "manifestações" de Deus. De acordo com o Monarquianismo Modalista, os termos bíblicos Pai, Filho e Espírito são apenas nomes diferentes para a mesma Pessoa. O Monarquianismo Dinâmico é um pouco diferente. O Monarquianismo Dinâmico começou com uma visão errônea da natureza de Jesus, especificamente, que Ele não era Deus de forma alguma; em vez disso, em Seu batismo, Jesus foi capacitado por Deus para realizar as Suas obras poderosas.
O Monarquianismo Dinâmico é assim chamado porque tem a ver com a fonte dos milagres de Jesus (em grego, dynameis). Jesus de Nazaré nasceu de uma virgem, de acordo com o Monarquianismo Dinâmico, mas era um mero homem cuja piedade foi recompensada com atenção especial de Deus. Quando Jesus foi batizado, Deus veio sobre Ele e O encheu de tanta sabedoria e poder divinos que, a partir de então, Jesus passou a operar milagres. O Monarquianismo Dinâmico também é chamado de Adocionismo porque considera que Jesus foi "adotado" como Filho de Deus no momento de Sua capacitação. Assim, de acordo com o Monarquianismo Dinâmico, Jesus não é o "Filho unigênito" de Deus (João 3:16); Ele é simplesmente o "adotado" de Deus. Alguns monarquianos dinâmicos acreditavam que Jesus nunca foi divino; outros acreditavam que Jesus se tornou Deus após a Sua ressurreição.
O Monarquianismo Dinâmico começou com o falso ensinamento de um trabalhador de couro chamado Teódoto, que levou suas ideias da Bizantina para Roma por volta de 190 d.C. Teódoto ensinava que Jesus não realizava milagres antes de Seu batismo porque Deus ainda não tinha vindo sobre Ele. Jesus ficou cheio de divindade quando "o Cristo" desceu sobre Ele e Lhe deu o poder de realizar milagres. Felizmente, a igreja reconheceu rapidamente o erro dessa doutrina, e Teódoto foi excomungado por suas opiniões.
Por volta de 260, Paulo de Samósata, bispo de Antioquia, começou a ensinar o adocionismo. Sua versão do Monarquianismo Dinâmico incluía a ideia de que o Logos ou Filho de Deus era apenas a sabedoria ou razão de Deus e era inseparável do próprio Deus. O Logos passou a viver em Jesus e O inspirou, mas Jesus continuou sendo um mero homem com Sua própria personalidade humana - portanto, havia duas Pessoas vivendo no corpo de Jesus, uma divina e outra humana. Em vez de ensinar que Jesus Cristo era Deus que se tornou homem, Paulo de Samósata ensinou que Jesus era um homem que se tornou Deus. Depois de várias reuniões de líderes da igreja, Paulo de Samósata foi finalmente excomungado, e o Concílio de Nicéia mais tarde também condenou seus ensinamentos.
O Monarquianismo Dinâmico foi extinto em meados do século III, mas uma forma dele ainda existe hoje no Unitarismo. De acordo com o Unitarismo, Jesus Cristo não é divino e não há Trindade - Deus existe como uma única pessoa.
A Bíblia apresenta Deus como um só Deus (Deuteronômio 6:4), mas depois fala de três Pessoas (Mateus 28:19). É impossível harmonizar totalmente essas duas verdades em nossa mente. Não temos nada em nosso mundo com uma existência correspondente, portanto, não temos nem mesmo uma ilustração adequada da Trindade para comparação. Portanto, aceitamos as Escrituras pela fé: Deus existe em três Pessoas co-eternas e co-iguais. A Bíblia apresenta Jesus como Deus em termos inequívocos. Ao mesmo tempo, a Bíblia distingue Deus, o Filho, de Deus, o Pai: Jesus orou a Seu Pai (Lucas 22:42); Ele não estava orando a Si mesmo. Jesus está sentado à direita do Pai no céu (Hebreus 1:3); Ele não está sentado à Sua própria direita.
O Monarquianismo Dinâmico é espiritualmente perigoso porque ataca a própria natureza de Deus, e devemos ter o cuidado de exercer fé em Deus conforme Ele se revelou nas Escrituras. No final do livro de Jó, Deus repreende Elifaz: "vocês não falaram a meu respeito o que é reto" (Jó 42:7). Falar a verdade sobre Deus é vital, e o Monarquianismo Dinâmico distorce essa verdade.