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Pergunta: O que é o Sagrado Coração de Jesus?

Resposta:
O Sagrado Coração de Jesus é uma das festas mais populares da Igreja Católica Romana. Uma festa móvel, é celebrada anualmente numa sexta-feira na primavera, no décimo nono dia depois do Pentecostes.

O nome correto da festa é a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, que em latim é Sollemnitas Sacratissimi Cordis Iesu. As solenidades são as festas de maior importância no calendário litúrgico da Igreja Católica Romana.

A celebração litúrgica do Sagrado Coração de Jesus tem suas raízes na devoção ao Sagrado Coração, uma devoção católica romana bastante apelativa e há muito tempo praticada ao coração físico de Jesus Cristo como representação visual do amor divino de Deus e compaixão pelo mundo.

A devoção é baseada principalmente em duas passagens do Evangelho de João. João 19:34 fala do sangue e água que fluíram da ferida da lança que Jesus sofreu na cruz: "Contudo um dos soldados perfurou-lhe o lado com uma lança, e logo saíram sangue e água." E em João 7:38, Jesus declara: "Como diz a Escritura, rios de água viva correrão do interior de quem crê em mim." O coração físico de Jesus como o centro e a fonte do amor infinito e apaixonado de Jesus pela humanidade tornou-se um objeto específico de adoração dentro do catolicismo.

Nos seus estágios iniciais, desde o século XI, esta devoção desenvolveu-se a partir de meditações místicas privadas de monges e freiras sobre as feridas do lado de Jesus. Algumas das primeiras meditações conhecidas são atribuídas a Bernardo de Claraval (1090-1153), abade de um mosteiro cisterciense na França; e Gertrude a Grande (1256-1302), uma freira beneditina alemã.

A devoção ao Sagrado Coração espalhou-se informalmente até ser popularizada por Margarida Maria Alacoque (1647-1690), uma freira no convento de visitação salesiano em Paray-le-Monial, na Borgonha, França. Sob a influência de seu conselheiro do convento, o padre jesuíta Claude de la Colombière, Margarida Maria praticou fervorosas devoções ao Sagrado Coração. Nessas devoções, ela teve visões e revelações relatadas como resultando em êxtase.

Em junho de 1675, enquanto orava sobre a devoção, Margarida Maria teve uma visão conhecida como a "grande aparição", na qual ela afirmou ter visto Cristo "mostrando a ela seu coração num trono flamejante, cercado de espinhos e coroado por uma cruz; e ele disse a ela que era sua vontade que uma devoção especial fosse oferecida ao seu Sagrado Coração em reparação às irreverências cometidas contra ele no sacramento mais santo, e que a sexta-feira após a oitava de Corpus Christi deveria ser reservada para esta devoção" (The New Schaff-Herzog Encyclopedia of Religious Knowledge, Jackson, S. M., ed., New York; London: Funk & Wagnalls, 1908–1914, Vol. 10, pp. 146–147).

Em suas visões, Margarida Maria supostamente recebeu doze promessas de Jesus para aqueles que honram Seu Sagrado Coração. Algumas dessas promessas são que Jesus dará aos devotos conforto, paz, santidade e "todas as graças necessárias para seu estado na vida". Além disso, Jesus supostamente prometeu que "abençoaria todo lugar onde uma imagem do Meu Coração fosse exposta e honrada" e que "todos aqueles que recebessem a Sagrada Comunhão na Primeira Sexta-feira de nove meses consecutivos" receberiam graça e o prazer do Senhor na hora da morte.

Após a morte de Margarida Maria, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus continuou a crescer em popularidade, e muitos fiéis afirmaram experimentar milagres enquanto praticavam a devoção. A Igreja Romana, no entanto, ainda tinha dúvidas sobre a validade das visões de Margarida Maria. Os pedidos para conceder uma missa e um ofício apropriados para a festa do Sagrado Coração de Jesus foram repetidamente recusados pela Congregação dos Ritos.

Soberanos e devotos católicos romanos continuaram a implorar ao Papa para dar o status oficial da festa no calendário da igreja. Finalmente, a primeira festa oficial do Sagrado Coração de Jesus foi celebrada em 1765 na França. Quase 100 anos depois, em 1856, o Papa Pio IX estendeu a festa a toda a Igreja Ocidental. Desde então, as devoções ao Sagrado Coração de Jesus se espalharam universalmente, com novenas, ladainhas e a Sagrada Comunhão.

No domingo, 5 de junho de 2005, o Papa Bento XVI falou da devoção ao Sagrado Coração de Jesus em seu Ângelus: “Na linguagem bíblica, ‘coração’ indica o centro da pessoa onde residem seus sentimentos e intenções. No Coração do Redentor, nós adoramos o amor de Deus pela humanidade, a sua vontade de salvação universal, a sua infinita misericórdia. Praticar a devoção ao Sagrado Coração de Cristo, portanto, significa adorar esse Coração que, depois de nos amar até o fim, foi traspassado por uma lança e do alto da Cruz derramou sangue e água, uma fonte inesgotável de nova vida”.

O Sagrado Coração de Jesus é tipicamente representado na arte católica como um coração humano anatômico, vermelho brilhante, com chamas e uma auréola de luz divina. O coração está perfurado e sangrando, aludindo à maneira da morte de Jesus. O coração está cercado por uma coroa de espinhos, simbolizando Sua paixão. No topo do coração está uma cruz, representando redenção, sofrimento e fé. O coração está em chamas, significando purificação e poder espiritual. Todo o símbolo brilha com raios de luz, mostrando a santidade e esplendor do Senhor. Em algumas representações, o coração é visto radiando de dentro do peito de Jesus Cristo enquanto Ele aponta para ele e convida à adoração. Representações do Sagrado Coração de Jesus costumam ser exibidas de forma proeminente nas casas católicas. No entanto, a prática tornou-se menos popular desde a década de 1960.

A promoção do Sagrado Coração de Jesus como meio de receber graça é mais um exemplo da tradição ritual, extra-bíblica e supersticiosa confiança em objetos e imagens prevalentes na Igreja Católica. A Bíblia em nenhum lugar instrui alguém a meditar ou honrar o coração físico de Jesus. Mais importante ainda, a graça é por definição um presente que não pode ser merecido. As bênçãos da salvação, segurança e paz são nossas com base na fé no trabalho terminado de Jesus, independentemente de observarmos certas sextas-feiras, orarmos certas orações ou meditarmos em certas pinturas. "Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo" (Efésios 1:3) - bênçãos que já são nossas, sem a ajuda das imagens ou rituais.



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