Resposta:
A palavra antinomiano vem de uma antiga palavra grega que literalmente significava "contra a lei". Dictionary.com define antinomiano como “uma pessoa que entende que os cristãos, em virtude da graça divina, são libertados não só da lei bíblica e das normas comportamentais prescritas pela igreja, mas também de todas as leis morais”. Em outras palavras, um antinomiano se vê sem a obrigação de seguir qualquer tipo de código moral. Ele é completamente livre.
O pai do antinomianismo foi Johannes Agricola. Ele, como Martinho Lutero, foi um reformador alemão, mas eles discordaram sobre o fato da lei obrigar permanentemente o cristão. A posição de Agricola era que a finalidade da lei era levar os cristãos à cruz e ao arrependimento, momento a partir do qual não estavam mais sob nenhuma lei, seja levítica ou moral. Lutero, por outro lado, acreditava que a lei tinha um lugar na vida do cristão. A lei inicialmente leva um cristão a Cristo, e continua como uma ferramenta para levar o crente à contínua renovação e maturidade. Lutero se opôs publicamente ao ensino de Agricola em “Contra os Antinomianos”, publicado em 1539.
A posição antinomiana pode ser vista como uma versão extrema do fácil credulismo. É verdade que somos salvos pela graça através da fé, mas o crente deve sempre lutar contra a natureza pecaminosa (Romanos 7:20). As Escrituras ensinam que, após a fé, deve haver um modo de vida correspondente que agrada a Deus e está repleto de boas obras (Colossenses 1:10-12). Devemos confessar nosso pecado ao Senhor (1 João 1:9), e para definir o pecado devemos ter um padrão.
A ideia básica por trás do antinomianismo, de que não há lei moral que Deus espera que os cristãos obedeçam, é manifestamente não bíblica. "Porque o amor de Deus está nisto: em guardarmos seus mandamentos, e seus mandamentos não são um peso" (1 João 5:3), mas Cristo tem comandos. Efésios 4 dá um código moral óbvio, e o antinomiano não pode simplesmente ignorar essas diretrizes:
Deixai a mentira (versículo 25)
Não se ponha o sol sobre a vossa ira (versículo 26)
Aquele que furtava não furte mais (versículo 28)
Trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom (versículo 28)
Compartilhe com os necessitados (versículo 28)
Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe (versículo 29)
Seja toda amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmia, tirada dentre vós (versículo 31)
Infelizmente, muitos cristãos hoje vivem um estilo de vida antinomiano, mesmo que não se considerem antinomianos. Eles afirmam uma crença salvadora em Jesus Cristo, mas falham em viver de acordo com essa crença de maneira bíblica. O pecado é pecado, mesmo sob a graça. Romanos 6:15 adverte: "E então? Havemos de pecar porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum."
Tiago também fala claramente sobre a necessidade do crente de viver de forma justa. Ele até fala de uma "lei": “Todavia, fazeis bem se estais obedecendo à lei real segundo a Escritura que diz: Amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Tiago 2:8). Tiago prossegue desafiando aqueles que acreditam que podem viver como querem: “Mas alguém dirá: Tu tens fé, e eu tenho obras; mostra-me tua fé sem obras, e eu te mostrarei minha fé por meio de minhas obras” (Tiago 2:18). Para Tiago, importa muito como vivemos: “Vedes então que o homem é justificado pelas obras e não somente pela fé” (Tiago 2:24). O antinomiano está errado ao pensar que não está sob lei alguma.
É bom para nós examinarmos periodicamente nossas próprias vidas em termos de se estamos vivendo um estilo de vida antinomiano de alguma forma. Estamos caminhando na moralidade, integridade e amor em todas as áreas de nossas vidas? Ou estamos de alguma forma relaxando nossa moralidade, presumindo que a "graça" cobrirá nosso pecado? "E sabemos que o conhecemos, se guardarmos seus mandamentos. Aquele que diz: Eu o conheço, e não guarda seus mandamentos, é mentiroso, e a verdade não está nele; mas todo o que guarda a sua palavra, neste o amor de Deus tem de fato se aperfeiçoado. E assim sabemos que estamos nele. Quem afirma estar nele também deve andar como ele andou" (1 João 2:3–6).