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Pergunta: Qual é o espírito da lei?

Resposta:
O "espírito da lei" é frequentemente contrastado com a "letra da lei". Nesse contexto, o espírito da lei tem a ver com o significado mais profundo ou a razão da lei, enquanto a letra da lei se refere ao texto exato, aplicado literalmente, sem levar em conta qualquer significado mais profundo. As crianças são boas em enfatizar a letra da lei, excluindo o espírito da mesma. O exemplo a seguir pode ajudar:

Uma criança chega em casa da escola e recebe a seguinte orientação: "Não assista à TV até terminar a lição de casa". Alguns minutos depois, sua mãe o encontra assistindo a desenhos animados em seu tablet, sem mexer na lição de casa. A criança protesta que a mãe só lhe disse para não assistir à TV - ela nunca falou nada sobre assistir a desenhos animados em um tablet. Nesse exemplo, a criança cumpriu a letra da lei, mas violou o espírito da lei. Se a mãe tivesse dito: "Termine sua lição de casa antes de assistir a desenhos animados", talvez a criança tivesse assistido a um jogo de beisebol - mais uma vez cumprindo a letra da lei. Ela poderia ter sido ainda mais específica: "Não assista a nenhum tipo de programa em nenhum dispositivo eletrônico até terminar o dever de casa", mas então a criança poderia decidir sair para brincar, deixando o dever de casa inacabado dentro de casa. A mãe frustrada poderia ter dito: "Não faça nada até terminar o dever de casa", mas a criança, levando isso ao pé da letra, poderia alegar que não consegue abrir a mochila para pegar o dever de casa. Obviamente, concentrar-se na letra da lei pode ser uma tática para negar a intenção ou o espírito da lei.

Levítico 19:14 diz: "Não amaldiçoarás o surdo, nem porás tropeço na frente do cego, mas temerás o teu Deus. Eu sou o SENHOR." Aqui, a letra da lei proíbe exatamente duas coisas: amaldiçoar o surdo e fazer o cego tropeçar. Entretanto, nenhuma lei pode abranger explicitamente todas as situações possíveis. O espírito da lei em Levítico 19:14 proíbe tirar vantagem das deficiências de outra pessoa, independentemente de quais sejam essas deficiências. A letra da lei pode ser estreita, mas o espírito da lei abrange algo muito mais amplo e, portanto, é mais difícil de obedecer. É possível passar pela vida sem nunca xingar um surdo ou tropeçar em um cego, mas é muito mais difícil nunca tirar vantagem da fraqueza de outra pessoa.

No Sermão da Montanha, Jesus interpreta a Lei Mosaica de acordo com o espírito da lei, não com a letra. A lei proibia o assassinato, mas Jesus disse que a raiva ou a zombaria torna a pessoa culpada de assassinato, porque as mesmas atitudes que produzem o assassinato produzem primeiro a raiva e o desprezo (veja Mateus 5:21-22). A lei proibia o adultério, mas Jesus disse que um olhar lascivo é adultério no coração. Um homem que nunca toca em uma mulher que não seja sua esposa, mas que se entrega a fantasias sexuais, está obedecendo à letra da lei, mas não ao espírito dela (ver Mateus 5:27-28). E, de acordo com Jesus, obedecer à letra da lei, mas não ao seu espírito, não é uma opção.

Quando perguntaram a Jesus qual era o mandamento mais importante, Ele invocou o espírito da lei: "Jesus lhe respondeu: Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração, de toda a alma e de todo o entendimento. Este é o maior e o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Toda a Lei e os Profetas dependem desses dois mandamentos" (Mateus 22:37-40). Todas as leis do Antigo Testamento e todos os padrões de comportamento para o cristão podem ser resumidos nesses dois mandamentos, porque eles incorporam o espírito da lei; ou seja, os dois maiores mandamentos expressam o ponto principal de todas as outras leis.

Em Lucas 10, um mestre da lei, "querendo justificar-se a si mesmo", perguntou a Jesus: "Quem é o meu próximo?" (versículo 29). Talvez seja possível cumprir o mandamento de "amar o próximo como a si mesmo" se o próximo for definido de forma suficientemente restrita. A resposta de Jesus é a história do Bom Samaritano, na qual Ele demonstra que o próximo é qualquer pessoa com quem você entra em contato. De fato, a verdadeira questão não é "quem é meu próximo?", mas "para quem serei um próximo?" O espírito da lei exige que sejamos o próximo de maneira proativa, procurando pessoas que precisam de ajuda. Em última análise, nenhum de nós é capaz de cumprir essa lei perfeitamente, na letra ou no espírito, e, portanto, somos condenados como pecadores que precisam de um Salvador.

As pessoas que se concentram na letra da lei geralmente apontam para sua conformidade como um meio de se justificar, mesmo quando violam flagrantemente a intenção da lei; no entanto, Deus julgará de acordo com o espírito da lei, não apenas com a letra.



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