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Pergunta: É possível que um crente passe a não crer?

Resposta:
A questão de saber se um crente pode se tornar um incrédulo geralmente surge na tentativa de explicar situações intrigantes envolvendo pessoas que conhecemos. Alguém que em algum momento fez uma profissão de fé nega a fé. Por todas as aparências externas, ele era um crente envolvido na vida da igreja e talvez até no ministério. Então, o que aconteceu? Esse é um caso em que um crente se tornou um incrédulo?

Há vários céticos proeminentes que começaram como crentes declarados. Dan Barker, ateu e presidente da Freedom from Religion Foundation, começou como ministro e músico cristão. Charles Templeton (já falecido) era um evangelista que chegou a fazer turnês com Billy Graham, mas depois se tornou um agnóstico declarado. Bart Ehrman é um autor best-seller do New York Times e conhecido cético que continuamente lança dúvidas sobre a confiabilidade do Novo Testamento. Ehrman se descreve como um antigo fundamentalista renascido. Ele estudou no Moody Bible Institute e se formou na Wheaton College.

Além desses casos de alto perfil, há milhares, talvez milhões de pessoas que fizeram profissões de fé, muitas vezes quando crianças, mas anos depois não mantêm nenhuma fé em Cristo. Quer se autodenominem ateus, agnósticos ou simplesmente desinteressados, eles abandonaram a fé. O que devemos fazer com essas pessoas? Será que elas eram crentes renascidos em algum momento, mas agora são descrentes?

Há uma série de possibilidades que são frequentemente sugeridas.

A primeira possibilidade é afirmar que essas pessoas foram e ainda são salvas, nascidas de novo, tornadas parte do Corpo de Cristo, habitadas e seladas pelo Espírito Santo. Como a salvação de Deus é irreversível, uma vez que uma pessoa tenha sido salva, ela sempre será salva, independentemente de qualquer estado futuro de incredulidade ou desobediência. Parece que os pais geralmente se confortam com essa ideia, pois, mesmo que um filho esteja se afastando do Senhor, os pais se apegam a um momento e a um local específicos em que o filho "aceitou Cristo".

A segunda possibilidade é concordar que essas pessoas já foram crentes verdadeiros, mas que, quando pararam de acreditar, perderam a salvação. Todas as bênçãos de Deus foram revertidas. Os antigos crentes se tornaram incrédulos e não salvos.

A terceira possibilidade é que, embora essas pessoas possam ter dado sinais exteriores de ter uma fé genuína, suas escolhas e declarações posteriores revelam que nunca foram verdadeiros crentes. Não importa o que digam, elas nunca nasceram de novo nem foram seladas pelo Espírito. Os verdadeiros crentes podem passar por momentos de dúvida, incerteza, desobediência e descrença momentânea, mas nunca renunciarão à sua fé. Essa ideia é conhecida como a perseverança dos santos - todos os que são verdadeiramente salvos perseverarão (continuarão) em sua fé, mantidos pelo poder de Deus. Só podemos saber se uma "decisão por Cristo" foi genuína pelo fruto que ela produziu. Essa é a abordagem mais apoiada pelas Escrituras.

As Escrituras e a história estão repletas de exemplos de pessoas que tiveram uma resposta inicial positiva a Cristo, mas que depois se afastaram. Na parábola do semeador e da semente, algumas das sementes brotaram rapidamente, mas acabaram murchando ou sendo sufocadas por ervas daninhas. "E o que foi semeado no solo pedregoso, esse é o que ouve a palavra e a recebe imediatamente com alegria; mas não tem raiz em si mesmo e dura pouco. Quando vem a tribulação ou a perseguição por causa da palavra, logo tropeça. E o que foi semeado entre os espinhos, esse é o que ouve a palavra, mas as preocupações do mundo e a sedução da riqueza sufocam a palavra, e ela não produz fruto" (Mateus 13:20-22). Mas a semente (o evangelho) semeada em boa terra produz frutos para a colheita. Nos estágios iniciais, pode ser muito difícil dizer quais plantas sobreviverão ou não. O tempo revela a verdade.

Em João 6, Jesus se autodenomina o Pão do Céu e faz algumas declarações que eram muito difíceis de entender. O versículo 66 diz: "À vista disso, muitos dos seus discípulos o abandonaram e já não andavam com ele." Havia pessoas que se identificavam como seguidores de Jesus, mas voltaram atrás quando Jesus disse algo que não lhes agradava. Não é que tenham perdido a salvação; para começar, eles nunca a tiveram, e esse incidente foi o que mostrou suas verdadeiras cores.

Em seguida, em João 6, Jesus comenta sobre Pedro e Judas Iscariotes. "Então, perguntou Jesus aos doze: Porventura, quereis também vós outros retirar-vos? Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna; e nós temos crido e conhecido que tu és o Santo de Deus. Replicou-lhes Jesus: Não vos escolhi eu em número de doze? Contudo, um de vós é diabo" (versículos 67-70). Na época em que Jesus disse essas palavras, Pedro e Judas eram muito parecidos - ambos eram discípulos. Na noite em que Jesus foi preso, Pedro e Judas eram muito parecidos - ambos negaram o Senhor. Alguns dias depois, porém, eles se mostraram muito diferentes. Judas, tomado pelo remorso, não buscou o arrependimento e o perdão, mas cometeu suicídio (Mateus 27:5). Pedro ficou cheio de vergonha e chorou (Mateus 26:75). Três dias depois, Pedro ainda está com os discípulos e se torna um apóstolo do Senhor ressuscitado.

Nem Judas nem Pedro perderam a sua salvação. A verdadeira natureza de Judas era a de um incrédulo. Ele gostava bastante de Jesus e teve um pouco de fé, mas nunca acreditou de fato - poderíamos dizer que ele apenas fingia ser um crente. Judas era o tesoureiro dos discípulos, e João 12:6 nos diz que ele estava pegando o dinheiro para si mesmo. Pedro, por outro lado, por um curto período de tempo, "fingiu" ser um incrédulo, mas com o passar do tempo sua verdadeira natureza redimida se manifestou.

1 João aborda diretamente a questão dos crentes que se declaram crentes e que parecem se tornar incrédulos. Alguns falsos mestres, que pareciam ser crentes verdadeiros em algum momento, estavam perturbando a igreja. 1 João 2:19 explica: "Eles saíram de nosso meio; entretanto, não eram dos nossos; porque, se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco; todavia, eles se foram para que ficasse manifesto que nenhum deles é dos nossos." Embora aqueles que abandonaram a fé parecessem genuínos, João deixa claro que nunca foram de fato "dos nossos"; uma das marcas de um crente é que ele "continua conosco". As pessoas podem ser capazes de "fingir" por um tempo, mas não podem manter o papel para sempre. A verdade acabará superando sua falsidade. 1 João 3:9 diz: "Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus." Um crente genuíno é impedido de cair em pecado contínuo porque nasceu de Deus - Deus o mantém seguro.

Um verdadeiro crente pode cair na desobediência e lutar contra a dúvida, mas nunca renunciará a Cristo. Uma pessoa que renunciou a Cristo por meio de palavras ou ações não perdeu a salvação; ao contrário, ela está demonstrando que nunca teve uma fé genuína. Essa é uma das razões pelas quais a disciplina da igreja é tão importante. Em Mateus 18, Jesus descreve as etapas. Se uma pessoa da igreja pecar, ela deve ser confrontada e ter a chance de se arrepender. Quando todas as etapas do processo tiverem sido seguidas e ainda não houver arrependimento, o pecador impenitente deve ser expulso da igreja e tratado como um incrédulo (versículos 15-17). Esse processo foi planejado para tirar o pecador de cima do muro. Ou ele verá o erro de seus caminhos e cairá em si, ou decidirá que a igreja e a vida cristã não são tão importantes e se afastará - de qualquer forma, a disciplina da igreja força a verdadeira natureza da pessoa a vir à tona.

Um crente genuíno nunca pode se tornar um incrédulo porque nasceu de novo pelo Espírito de Deus. Não é a fé de uma pessoa que a mantém segura, mas o poder de Deus que permite a fé contínua.



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