Pergunta: "Pode um ateu ser uma boa pessoa moral?"
Resposta:
Pode um ateu agir de maneira moral e ética? Certamente, ele pode. Todos os humanos ainda retêm a imagem de Deus sobre si, mesmo após a queda de Adão e Eva no pecado. A imagem de Deus foi obliterada na queda, mas não apagada, e assim o homem ainda entende o certo e o errado, não importa quantos tentem dizer o contrário. Até os ateus reagem a esse conhecimento inerente do certo e do errado, alguns até o ponto de viver vidas exemplares.
C.S. Lewis descreveu bem isso. Ele observou que se um homem vê outro em perigo, o primeiro instinto é correr para ajudar (altruísmo). Mas uma segunda voz interna intervém e diz: “Não, não se ponha em perigo”, o que está de acordo com a autopreservação. Mas então uma terceira voz interna diz: “Não, você deve ajudar”. De onde vem essa terceira voz, pergunta Lewis? Isso é o que se chama do “dever” da vida. A moralidade é o que as pessoas fazem, mas a ética descreve o que as pessoas devem fazer. E sim, as pessoas sabem o que devem fazer, mas isso não significa que sempre ajam de acordo com esse conhecimento.
A diferença entre o ateu e o cristão nesse sentido é que o ateu pode agir eticamente por certas razões (por exemplo: não querer ir para a cadeia, porque perturba a ordem social, porque faz com que se pareça bom para os outros, etc.), mas ele não tem nenhuma razão final para agir eticamente porque não existe uma autoridade moral final sobre cada esfera de sua vida. Sem essa autoridade final, cada ateu define a moralidade em seus próprios termos, embora sua moralidade seja influenciada pelos resquícios de moralidade da imagem do Deus interior, juntamente com as restrições e limites da cultura e sociedade em que o ateu existe.
O cristão, por outro lado, age moralmente pelo conhecimento da lei moral dada por Deus em Sua Palavra e por amor ao próprio Legislador. Além disso, esse conhecimento é continuamente aumentado e personalizado pela habitação do Espírito de Deus, cuja tarefa é levar o cristão “a toda a verdade” (João 16:13). De dentro dos crentes, Ele dirige, guia, conforta e influencia, bem como produz em nós o fruto do Espírito (Gálatas 5:22-23). Para o ateu que está sem o Espírito, a verdade de Deus é “loucura”, porque é “discernida espiritualmente” (1 Coríntios 2:14), e o único fruto da justiça é a justiça própria, não a justiça de Cristo.
Quando confrontados com uma situação que exige que tanto o cristão quanto o ateu façam escolhas morais, uma situação em que as restrições sociais foram removidas, a reação de cada um será muito diferente. Se uma sociedade considera moralmente aceitável matar bebês que ainda não nasceram, por exemplo, o ateu não vê razão para se opor à prática. Sua própria “lei moral” até lhe diz que é a coisa compassiva a se fazer nos casos em que a criança é o resultado de estupro ou incesto. O cristão, no entanto, sabe que o aborto é errado porque suas escolhas morais são construídas sobre o Legislador moral que declarou que toda a vida humana é sagrada porque foi criada à imagem de Deus. O legislador proclamou: “Não matarás” (Êxodo 20:13) e, para o cristão, esse é o fim da questão.
Então, um ateu pode agir eticamente? Certamente, mas ele não tem nenhuma razão final para fazê-lo e nenhuma autoridade final para guiá-lo a fim de garantir que sua linha seja realmente reta e inflexível.