Resposta: Neonomianismo é um termo técnico muitas vezes substituído por outras expressões, como a nova lei ou a lei da graça. Segundo o neonomianismo, as obrigações morais supremas de Deus - a primeira lei - são impossíveis para os seres humanos obedecerem. Como esses ideais mais elevados não podem ser seguidos, segundo o neonomianismo, Deus instituiu uma lei diferente com um conjunto de obrigações diferentes: a lei da graça. Isto supõe que Deus não está mais julgando com base em se uma pessoa viola ou não algum preceito moral, mas em se está expressando fé, submissão e arrependimento.
Existem vários problemas teológicos com o neonomianismo. Uma grande preocupação é a ideia de que Deus voluntariamente diminuiria seu padrão de justiça para acomodar a humanidade pecadora. Isso não só significaria que Deus mudou em Sua natureza, como também mudaria radicalmente o significado de Seu evangelho. De acordo com a Bíblia, o perdão de Deus é necessário por causa do nosso pecado, não porque falhamos em segui-Lo sinceramente. Na verdade, a Escritura destaca que certos tipos de sinceridade, quando direcionados na direção errada, levarão uma pessoa ao inferno (Mateus 7:21-23).
Outro problema com o neonomianismo é o conceito de Deus mudar de ideia. De acordo com a Escritura, Deus nunca aboliu os componentes morais da Lei, que são destinados a todas as pessoas e a todas as épocas. O ministério de Cristo cumpriu o propósito das leis cerimoniais e civis (Mateus 5:17), mas os preceitos morais de Deus ainda são reais e ainda estão em vigor. Somos perdoados quando falhamos em cumprir essas normas morais, se estamos em Cristo, mas ainda somos responsáveis perante as mesmas expectativas. Deus não está "baixando o padrão"; Ele está substituindo nossa injustiça pela justiça de Cristo (2 Coríntios 5:21).
Outra maneira de ver o problema com o neonomianismo é considerar suas implicações para a salvação baseada em obras. No final das contas, o neonomianismo sugere que a humanidade pode perfeitamente cumprir os padrões legais de Deus - agora, pelo menos, uma vez que Deus não exige mais aderência moral real, mas apenas boa fé. Logicamente, isso significa que "conquistamos" nossa salvação obedecendo a esta nova lei, em vez de obedecer à lei antiga. Antiga ou nova, o neonomianismo sugere que nossas ações são o que, em última análise, nos salvam. A Bíblia diz que os crentes podem pecar e pecam (1 João 1:9). Mas também diz que precisamos do perdão desses pecados, obtidos pela graça através da fé. E que isso não tem nada a ver com nossos próprios esforços (Romanos 11:6; Efésios 2:8–9; Tito 3:5).
Outro problema com o neonomianismo é sua conexão com o antinomianismo, o conceito de que não existem, na prática, obrigações morais. Mais concretamente, o antinomianismo envolve a escolha de ignorar certos preceitos morais sob o argumento de que o sacrifício de Cristo pagou o preço do pecado, portanto, tudo o que um cristão precisa é fé. Essa atitude leva ao tipo de arrogância pecaminosa contra a qual a Escritura adverte (Romanos 6:1, 15).
O evangelho de Jesus Cristo certamente tem alguns aspectos "novos" se comparado à aliança original com Israel. No entanto, de maneira nenhuma Deus aboliu ou eliminou a Sua lei moral, nem ignora o pecado simplesmente porque o pecador está salvo. O neonomianismo essencialmente leva uma verdadeira ideia - que já não somos mais julgados sob a Lei Mosaica - e a estende para muito além do que ela se destina a implicar.'