Pregunta: Por que nossas orações devem ser dirigidas ao "Pai nosso que estás nos céus" (Mateus 6:9)?
Respuesta:
Mateus 5-7 registra um dos muitos discursos de Jesus - este conhecido como o Sermão do Monte. Mateus 6 cai no meio deste discurso enquanto Jesus está falando aos Seus discípulos sobre a natureza do reino dos céus. No meio deste capítulo, Jesus fornece um modelo de oração em que Ele se dirige ao "Pai nosso que estás nos céus" (Mateus 6:9).
Este modelo fornece uma regra estrita de como nos direcionar em nossas orações? Comparando a oração modelo de Jesus com outras passagens das Escrituras, isso não parece ser o caso. Paulo dirige-se a Jesus (o Filho) em oração (2 Coríntios 12:8-9; 2 Tessalonicenses 2:16-17). Estêvão dirige-se a Jesus em sua oração de martírio (Atos 7:59). João dirige-se a Jesus na conclusão do livro do Apocalipse (Apocalipse 22:20). Muitas outras passagens também apontam para o fato de que a oração ao Filho é apropriada. Até mesmo Jesus ensina que é apropriado dirigir-se a Ele em oração (João 14:13-14). Jesus e o Espírito Santo mediam entre o crente e o Pai, por isso é razoável que a oração a Jesus e ao Espírito também sejam aceitáveis (1 João 2:1-2; Romanos 8:26).
Jesus ensina a propriedade de se dirigir ao "Pai nosso que estás nos céus". Nesses primeiros dois termos, Pai nosso, temos o que alguns consideram ser a essência do cristianismo: que Deus graciosamente perdoaria nosso pecado, nos adotaria em Sua família e restauraria a Sua própria imagem em nós, permitindo que sejamos verdadeiramente Seus filhos (veja João 1:12). "É da essência da oração cristã que Deus seja abordado como um Pai a cujo amor apelamos, não como um Deus cuja ira aplacamos" (A. Carr, The Cambridge Bible for Schools and Colleges: Matthew, Cambridge University Press, 1893).
Antes de Sua oração modelo em Mateus 6, Jesus alude aos fariseus (uma seita de líderes religiosos judeus) que oram abertamente entre outros para o bem de seu reconhecimento e reputação (Mateus 6:1, 5). Os fariseus foram culpados de serem hipócritas (Mateus 6:5). A etimologia do termo hipócrita aponta para um ator ou alguém que dramatiza. No caso dos fariseus, eles eram culpados de ensinar com suas palavras algo diferente de suas ações. Estavam colocando o fardo da lei e tradição em outros enquanto não a seguiam eles mesmos - parte disso envolvia a vida de oração. Eles oravam pelo reconhecimento dos homens, quando deveriam ter orado ao Pai por Seu reconhecimento e interação (Mateus 6:6).
O foco desta seção das Escrituras é a humildade justa da pessoa que ora. Depois de condenar os fariseus por seu orgulho e egoísmo, Jesus fornece um modelo de oração começando em Mateus 6:9. O cristão não deve se preocupar com o reconhecimento do homem em relação às suas orações, mas focar no reconhecimento de Deus. Esta é a razão pela qual o modelo que Jesus dá começa com Deus Pai como o único a ser abordado. Jesus não está, no entanto, dando uma regra rígida de que o Pai é o único a ser abordado. Outras passagens ensinam que Jesus e o Espírito Santo são igualmente Deus (João 8:58; Mateus 3:16–17; Efésios 1:3–14) e mostram exemplos de crentes orando a Deus Filho.
A localização de Deus na oração modelo de Jesus, ou seja, "no céu", é sem dúvida um estudo interessante. A frase "Pai nosso" sugere que Deus está perto de nós; as próximas palavras, que estás nos céus, sugerem que Ele está longe. Ambos os conceitos são verdadeiros simultaneamente. Salmo 139:7-12 diz que Deus não está apenas no céu, mas em todos os lugares. Davi afirma que não havia lugar onde ele pudesse ir onde Deus não estivesse porque Deus está em todos os lugares. O termo teológico para esta qualidade de Deus é onipresença.
Não só Jesus nos fornece um modelo para a oração correta, mas também fornece a mediação (1 João 2:1-2) para que nós, como pessoas que foram perdoadas, possamos "nos aproximar do trono da graça com confiança" (Hebreus 4:16). Não negligenciemos este incrível dom e nos aproximemos de Deus diariamente em oração, súplica e ação de graças.