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Pergunta: O que é a teologia da retribuição?

Resposta:
A teologia da retribuição é basicamente a ideia de que você recebe o que merece. Deus cuida para que as pessoas boas recebam coisas boas na vida e as pessoas ruins recebam coisas ruins. Deus pune as pessoas neste mundo em resposta direta às suas ações. A teologia da retribuição diz, por exemplo, que se você tiver câncer, isso é um sinal de que Deus o está punindo por algo ruim que você fez. Se seu negócio prospera, é um sinal de que Deus está satisfeito com você. A teologia da retribuição é, portanto, uma interpretação excessivamente simplista dos eventos da vida que faz suposições sobre as intenções de Deus.

A Bíblia certamente ensina o conceito de semear e colher (Gálatas 6:7). Deus se vingará dos malfeitores algum dia (Miquéias 5:15; Mateus 3:7) e promete um julgamento final (Isaías 1:24; Apocalipse 20:11-15). Portanto, haverá retribuição. Mas o julgamento final ainda é futuro. A teologia da retribuição está preocupada com recompensas e punições aqui e agora.

A teologia da retribuição é combatida nas Escrituras. O fato é que nem todas as pessoas boas são recompensadas com coisas boas nesta vida (Jó e Paulo são exemplos notáveis). E nem todas as pessoas perversas recebem punição imediatamente; caso contrário, não teríamos perguntas como "Até quando, Senhor, os ímpios, até quando os ímpios exultarão?" no Salmo 94:3 (cf. Salmo 73:2-16). O rei Acabe foi um dos reis mais perversos que já desonraram um trono, mas reinou vinte e dois anos em Samaria (1 Reis 16:29). Vinte e dois anos de luxo para o rei maligno, enquanto os justos em Israel estavam sendo perseguidos; não havia muitos crentes na teologia da retribuição na época de Acabe.

Quando os amigos de Jó vieram falar com ele em sua miséria, trouxeram consigo sua teologia da retribuição. Elifaz prepara o cenário logo no início: "Pense bem: será que algum inocente já chegou a perecer? E onde os retos foram destruídos? egundo eu tenho visto, os que lavram a iniquidade e semeiam o mal, isso mesmo eles colhem. Com o hálito de Deus perecem; e com o sopro da sua ira são consumidos" (Jó 4:7-9). Em outras palavras, Elifaz concluiu de forma simplista que os inocentes são protegidos neste mundo e os perversos perecem. Bildade e Zofar ecoam os mesmos sentimentos, acusando Jó de transgressão, conforme evidenciado por sua situação (Jó 8:6; 20:27-29). Mas todos os três amigos de Jó estavam errados sobre Jó e sobre Deus (Jó 42:7).

Quando os discípulos de Jesus viram um homem cego de nascença, perguntaram: "Mestre, quem pecou para que este homem nascesse cego? Ele ou os pais dele?" (João 9:2). Essa pergunta mostra uma crença subjacente na teologia da retribuição - ou o homem ou seus pais estavam sendo punidos por alguma ação errada. A resposta de Jesus anula essa noção: "Nem ele pecou, nem os pais dele; mas isso aconteceu para que nele se manifestem as obras de Deus" (versículo 3). Deus tinha outros propósitos para a cegueira do homem além de punir o pecado.

Certa vez, Jesus se referiu a uma tragédia local para fazer uma observação sobre o arrependimento: "E, quanto àqueles dezoito sobre os quais desabou a torre de Siloé e os matou, vocês pensam que eles eram mais culpados do que todos os outros moradores de Jerusalém? Digo a vocês que não eram; mas, se não se arrependerem, todos vocês também perecerão" (Lucas 13:4-5). Ao convocar todos os homens a se arrependerem, Jesus também se opôs à teologia da retribuição - aqueles que morreram em Siloé não foram mortos por causa de nenhum pecado especial que tivessem cometido; a queda da torre não foi uma retribuição de Deus.

Algumas pessoas veem a teologia da retribuição ensinada no livro de Provérbios. Muitos provérbios parecem prometer coisas boas para os justos e coisas ruins para os iníquos. Por exemplo, "A maldição do Senhor está sobre a casa dos ímpios, porém a morada dos justos ele abençoa" (Provérbios 3:33). Além disso, "antes da ruína, o coração humano se gaba, mas a humildade precede a honra" (Provérbios 18:12), e "o justo tem o bastante para satisfazer o seu apetite, mas o estômago dos ímpios passa fome" (Provérbios 13:25). Devemos nos lembrar de algo sobre a natureza dos provérbios: ou seja, os provérbios não são promessas; ao contrário, são verdades gerais sobre a vida. De modo geral, fazer escolhas sábias na vida traz melhores resultados do que fazer escolhas tolas. Viver piedosamente geralmente traz benefícios práticos e temporais, além dos benefícios eternos. Pode haver exceções à regra, como quando um homem piedoso é jogado em uma cova de leões (Daniel 6:16) ou baixado em um poço de lama (Jeremias 38:6).

Outros olham para as bênçãos e maldições associadas à Lei Mosaica como prova da teologia da retribuição: "Se guardarem o mandamento que hoje lhes ordeno, que amem o Senhor, seu Deus, andem nos seus caminhos e guardem os seus mandamentos, os seus estatutos e os seus juízos, então vocês viverão e se multiplicarão, e o Senhor, seu Deus, os abençoará na terra em que estão entrando para dela tomar posse. Mas, se o coração de vocês se desviar, e não quiserem ouvir, mas forem seduzidos, se inclinarem diante de outros deuses e os servirem, então hoje lhes declaro que, certamente, perecerão; não permanecerão muito tempo na terra na qual, passando o Jordão, vocês vão entrar para dela tomar posse" (Deuteronômio 30:16-18). É verdade que, sob a teocracia de Israel, Deus prometeu retribuição aos desobedientes. Às vezes, essa retribuição era rápida (Números 11:33) e, às vezes, não tão rápida (Salmo 35:17). Mas o tratamento dado por Deus a Israel sob a dispensação da Lei não pode ser a base de nossa teologia na dispensação da graça.

Quando o navio que levava Paulo naufragou na ilha de Malta, o apóstolo juntou gravetos para ajudar a fazer uma fogueira na praia. Quando ele jogou alguns gravetos nas chamas, uma víbora saiu e mordeu sua mão. Imediatamente, os habitantes da ilha presumiram que sabiam o motivo: "Quando os nativos viram a víbora pendurada na mão de Paulo, disseram uns aos outros: — Certamente este homem é assassino, porque, salvo do mar, a Justiça não o deixa viver" (Atos 28:4). Os habitantes da ilha acreditavam na teologia da retribuição, mas estavam errados com relação a Paulo.

Quando Jesus estava pendurado na cruz entre dois criminosos, os transeuntes presumiram que Jesus estava recebendo o que merecia: "Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o considerávamos como aflito, ferido de Deus e oprimido" (Isaías 53:4). Esse é o tipo de suposição comum na teologia da retribuição, mas, no caso de Jesus, ela estava errada novamente.

Um dia, Deus julgará o mundo com retidão e perfeita justiça. A retribuição está chegando (Apocalipse 22:12). Até esse dia, temos o cuidado de não presumir a bênção ou o julgamento de Deus sobre as pessoas com base em suas circunstâncias externas. Confiamos que o Juiz de toda a Terra sempre fará o que é certo (Gênesis 18:25).



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