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Pergunta

A criança interior é um conceito bíblico?

Resposta


A expressão criança interior se tornou comum na cultura moderna. Com essa prevalência, o significado ficou confuso. Como acontece com outros termos, o que uma pessoa quer dizer com a expressão criança interior depende do contexto. Em referências explícitas à psicologia, essa expressão assume um significado diferente em comparação com a forma como é aplicada em uma conversa casual. Alguns aspectos do conceito de "criança interior" são apoiados pela Bíblia, enquanto os usos mais formais e psicológicos geralmente não o são.

Em termos de psicologia, o termo criança interior refere-se ao aspecto da personalidade formado na primeira infância e mantido, até certo ponto, durante toda a vida de uma pessoa. Também pode se referir aos instintos menos maduros de uma pessoa, com ênfase em entretenimento, abandono e admiração. De acordo com certos pontos de vista, as experiências negativas durante o desenvolvimento inicial podem danificar essa "criança interior", exigindo certos atos corretivos de "paternidade interior" mais tarde na vida.

Além disso, há quem use a expressão criança interior em referência à versão supostamente "original" ou "natural" de uma pessoa. Isso implica que existe um "você real" que a vida, a responsabilidade adulta e várias decepções podem suprimir.

Em outros casos, diz-se que aqueles que apresentam comportamento ou pensamento particularmente imaturo são controlados por sua "criança interior". Algumas pessoas que não seguem o padrão supostamente natural da idade adulta apresentam momentos de egoísmo ou mesquinhez específicos, que são considerados incidentes da personalidade da "criança interior" assumindo o controle.

Um uso mais casual da frase criança interior refere-se ao nosso desejo natural de expressão, relaxamento despreocupado, alegria, admiração e prazer. Uma pessoa pode tirar um dia de folga do trabalho e simplesmente fazer algo divertido, expressando isso como "liberar minha criança interior".

Em um sentido amplo, todas essas ideias têm algum nível de conexão com as Escrituras, mas nenhuma é explicitamente bíblica. De modo geral, as aplicações mais literais do conceito de "criança interior" são menos compatíveis com a Bíblia. A Palavra de Deus reconhece a importância da experiência da infância e da alegria simples; no entanto, ela não concorda com a ideia de um "você real" inerentemente encoberto pela experiência de vida. Tampouco ensina que mantemos alguma influência controladora de nossa personalidade infantil que pode nos dominar quando adultos.

As Escrituras valorizam as ideias de assombro e alegria. Deus, nosso Pai Celestial, proporciona a Seus filhos experiências que despertam nosso senso de admiração infantil (Salmo 19:1; 147:4; Malaquias 4:2). É comum observar que as crianças pequenas nunca se cansam dos prazeres que os adultos consideram garantidos. Nesse sentido, Deus se aproxima de nós como um pai se aproximaria de seus filhos que precisam de orientação (Salmo 119:105) e se beneficiam de sua bondade (Lucas 11:11-13). Da mesma forma, as Escrituras elogiam aqueles que demonstram fé infantil (Mateus 18:2-3), em contraste com o cinismo ou a teimosia (João 5:39-40). Pode-se dizer que, quando seguimos a Sua vontade, nos alegramos em Sua presença e confiamos nEle sem reservas, Deus aprecia a nossa "criança interior".

A Bíblia ensina a importância de nutrir e ensinar adequadamente as crianças. Isso inclui educá-las adequadamente (Provérbios 22:6), evitar maus-tratos (Efésios 6:4) e defender sua inocência (Provérbios 6:16-19). As Escrituras advertem contra os efeitos a longo prazo da má educação ou do abuso na infância (Lucas 17:2; Colossenses 3:21). Dessa forma, a Bíblia nos instrui a evitar as coisas que afetam negativamente o futuro de uma criança.

Ao mesmo tempo, a Bíblia não apoia a ideia de que existe um "verdadeiro você" que está sendo de alguma forma encoberto pelas dificuldades da vida. Pelo contrário, as Escrituras nos lembram que todas as pessoas nascem com uma natureza pecaminosa (Romanos 8:3; Colossenses 3:5). Muitas das experiências negativas em nossa vida resultam de nossas próprias escolhas ou das escolhas pecaminosas de outras pessoas (Hebreus 2:1-4; Provérbios 9:12). Quando somos egoístas, gananciosos, temperamentais ou fora de controle (Gálatas 5:19-21), não estamos sendo controlados por alguma versão danificada de nossa "criança interior". Estamos expressando nossa pecaminosidade inerente. A solução para esses problemas não é a autoparentalidade voltada para o interior. É um relacionamento salvador com Cristo (1 Coríntios 6:9-11).

Na medida em que as pessoas usam o termo criança interior ao discutir alegria, simples prazer ou realização, ele pode ser compatível com uma visão bíblica da humanidade. Entretanto, usar ideias relacionadas como substituto dos conceitos bíblicos de pecado, salvação, responsabilidade ou santidade não está de acordo com as Escrituras.

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