Pergunta
Qual é o inimigo interno?
Resposta
O apóstolo Paulo reconheceu o fato de que há uma batalha interna dentro de cada um de nós; todo crente tem um "inimigo interno" contra o qual deve lutar. Essa batalha vitalícia entre a carne e o Espírito se estenderá até a nossa morte. Romanos 7:21-23 trata do inimigo interno: "Então, ao querer fazer o bem, encontro a lei de que o mal reside em mim. Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros." Paulo entendeu que a sua natureza carnal nunca se conformaria com a vontade de Deus. Por mais que quisesse obedecer a Deus em todos os aspectos, ele estava lutando contra o "mal... que está comigo", o inimigo interno.
Jesus também falou sobre o inimigo interno, em termos diferentes. Dirigindo-se a Seus discípulos adormecidos no Getsêmani, Jesus os admoestou a orar e deu um motivo pelo qual eles deveriam orar: "o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca" (Marcos 14:38). Não há como ignorar isso - estamos presos a uma natureza carnal e egoísta enquanto estivermos nesta existência terrena. É o inimigo interno que nos impede de fazer o que devemos.
Os atletas em treinamento conhecem em primeira mão a luta contra o inimigo interno, e muitos atletas dizem que seu pior inimigo são eles mesmos. Para ser um atleta bem-sucedido, é preciso superar obstáculos mentais, dúvidas sobre si mesmo e o simples desejo de seguir o caminho mais fácil. Paulo deve ter sido um entusiasta de esportes, pois ele usa comparações com esportes e como os atletas disciplinam seus corpos para colocá-los sob controle a fim de ganhar o prêmio (ver 1 Coríntios 9:24-27 e 2 Timóteo 2:5). Nós, como filhos da luz, devemos fazer o mesmo, negando os desejos doentios da carne a fim de obter uma vantagem espiritual. Nosso treinamento é muito mais importante do que o dos atletas olímpicos, pois os riscos são muito maiores no reino espiritual. "Todo atleta em tudo se domina; aqueles, para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a incorruptível" (1 Coríntios 9:25). Ao praticarmos o autocontrole, os apetites carnais se enfraquecem e, ao alimentarmos o espírito, as coisas do Espírito dentro de nós prevalecerão.
Jesus disse: "Nada há fora do homem que, entrando nele, o possa contaminar; mas o que sai do homem é o que o contamina", ou seja, pelo que vem de dentro (Marcos 7:15). E sabemos que "as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam" (Gálatas 5:19-21). Nossa carne vai se manifestar de muitas maneiras diferentes; algumas maneiras são mais enganosas do que outras, e é bom conhecer a nós mesmos para que possamos estar atentos a esse "inimigo interior".
O livro As Duas Torres, de J. R. R. Tolkien, tem uma passagem em que o conflituoso e miserável Gollum tem um diálogo consigo mesmo (Livro IV, capítulo 2). Ele salta de temeroso para sinistro, alternando de vulnerável para rancoroso, enquanto luta para combater o inimigo dentro de si. Essa passagem pode servir como uma ilustração da luta diária do crente com a carne. "Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer" (Gálatas 5:17).
Como podemos vencer o inimigo interior? As Escrituras dizem que devemos negar a nós mesmos; de fato, todos os que desejam seguir a Cristo devem tomar sua cruz (Lucas 9:23; 14:27). Precisamos aprender a dizer "não" aos desejos de nossa natureza decaída. "[A graça de Deus] nos ensina a dizer 'não' à impiedade e às paixões mundanas, e a viver, neste tempo presente, uma vida autocontrolada, reta e piedosa" (Tito 2:12).
Para combater com sucesso o inimigo interno, precisamos entender o verdadeiro poder da morte de Cristo: "... carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados" (1 Pedro 2:24). Com base na morte de Cristo, nós nos consideramos mortos para o pecado e vivos para Deus: "O nosso velho eu foi crucificado com ele" (Romanos 6:6; cf. versículo 11).
E, para vencer o inimigo interno, devemos nos render ao Espírito Santo: "Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne" (Gálatas 5:16). O poder para vencer não vem de dentro de nós, pois somos apenas jarros de barro; em vez disso, "esse poder que tudo supera vem de Deus" (2 Coríntios 4:7). Enquanto Paulo lutava contra o inimigo dentro de si mesmo, ele mantinha os olhos em seu Salvador: "Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte? Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da lei do pecado" (Romanos 7:24-25).
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