Pergunta
É errado orar orações escritas?
Resposta
Não há nada intrinsecamente errado em ler ou recitar uma oração predefinida, desde que a oração não contradiga as Escrituras. Escrever uma oração antes de proclamá-la publicamente pode ajudar um palestrante a dizer exatamente o que ele ou ela pretende dizer, diminuindo a possibilidade de distrações devidas a uma má formulação de palavras ou lapsos mentais. Mesmo se a oração for escrita por outra pessoa, lê-la como sua própria oração a Deus não é errado, per se. Deus está mais interessado na condição de nossos corações quando oramos: estamos focados nEle em vez de em nós mesmos? Estamos usando a oração como meio de falar com Ele e de ter comunhão com Ele?
Jesus nos encoraja a clamar a Deus dia e noite (Lucas 18:7), a orar com humildade (Lucas 18:9–14) e a pedir coisas que glorifiquem a Deus para que possamos experimentar Sua alegria (João 16:24). O salmista disse: “Ó povo, confiai nele em todo o tempo; derramai o coração perante ele; Deus é nosso refúgio” (Salmos 62:8). O propósito da oração é desenvolver uma relação mais íntima com Deus, confiar mais nEle e submeter-se à Sua vontade. Ele quer que estejamos entrelaçados com Ele; ligados como os ramos estão para a videira: "Permanecei em mim", diz Jesus (João 15:4). À medida que aprendemos mais sobre o caráter de Deus e nos apaixonamos mais por Ele, nossas orações se tornam mais sinceras e naturais. Deus não se preocupa com as palavras que usamos quando oramos; Ele não está à procura de eloquência. Uma oração pode ser tão simples quanto o grito de Pedro a Jesus quando ele estava afundando no mar: "Senhor, salva-me!" (Mateus 14:30).
As Escrituras contêm muitas orações escritas, e muitas pessoas acharam útil orar algumas dessas orações inspiradas de volta a Deus como suas próprias orações pessoais. Não há nada de errado com isso. Muitas vezes, quando não sabemos o que orar, a Escritura pode nos dar as palavras. O livro dos Salmos contém centenas de orações, e muitas delas já colocaram nossos pensamentos em palavras. Quando um crente está sob ataque espiritual, por exemplo, ele pode orar as palavras do Salmo 70. O objetivo é orar as Escrituras específicas que expressam o que está em nossos corações.
Jesus ensinou aos Seus discípulos uma oração modelo que está registrada nas Escrituras (veja Mateus 6:9–13 e Lucas 11:2–4). Em igrejas de várias denominações, os pastores lideram as congregações na recitação conjunta da Oração do Senhor, e não há nada de condenável nisso. Quando um grupo de pessoas aprende uma oração e a recita juntas, elas desenvolvem um sentido de unidade e comunhão, que é agradável a Deus. Mas, em última análise, a Oração do Senhor foi pretendida como um padrão para nossas orações, em vez de algo a ser recitado regularmente a Deus.
Cantar uma música ao Senhor também pode ser uma forma de orar uma oração predefinida. Muitos dos hinos antigos são endereçados ao Senhor: "Purifica-me", "Toma o Meu Coração" e "Obrigado, Senhor" são orações em si. Muitas músicas modernas fazem o mesmo: "Bendito Seja o Teu nome", "Deus Maravilhoso" e "Teu Nome Levantarei" são alguns exemplos.
Uma preocupação com a oração predefinida é que podemos passar pelas palavras sem pensar nelas. Fazer orações por rotina não é geralmente benéfico para quem oferece a oração, e corre o risco de se tornar "repetição vã" (Mateus 6:7). Fazer orações escritas por outras pessoas pode ser uma ferramenta útil na oratória, mas corre o risco de ser impessoal. John Bunyan, o autor de O Peregrino, passou doze anos na prisão porque se recusou a usar o Livro de Orações Comuns em sua igreja, acreditando que tais orações predefinidas eram anti-bíblicas na medida em que eram usadas como substituto para as orações pessoais do coração: "Aquele que teve seu entendimento aberto pelo Espírito não precisa ser ensinado pelas orações de outros homens, de tal maneira que não pode orar sem elas" (A Discourse Touching Prayer, 1663). "Na oração", disse Bunyan, "é melhor ter um coração sem palavras do que palavras sem um coração".
A conclusão? Ore para conectar seu coração com o de Deus. Se isso envolve orar orações pré-escritas de vez em quando, use essa ferramenta. Cuidado para não usar orações escritas como substituição para sua própria comunicação sincera com Deus. E mantenha a conversa entre você e Deus acontecendo (1 Tessalonicenses 5:17).
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