Pergunta
Jesus quis dizer que nunca devemos nos referir ao nosso pai terreno como 'pai' (Mateus 23:9)? É errado que os católicos se refiram a seus padres como 'pai'?
Resposta
Seria confuso para Deus dar o quinto mandamento em Êxodo 20:12: “Honra teu pai e tua mãe” e depois nos restringir a chamar nosso pai terreno de “pai”. Mateus 23:9 diz: “E a ninguém na terra chameis vosso pai; porque um só é o vosso Pai, aquele que está no céu.” O contexto de Mateus 23:9 nos diz que se referir ao pai biológico como “pai” não é do que Jesus está falando.
Em Mateus 23:1–12, Jesus está denunciando os escribas e fariseus judeus por rejeitá-lo como seu Messias, em particular por sua hipocrisia em se elevarem acima dos outros com títulos como “mestre” e “senhor”. Os mestres judeus afetaram esses títulos porque supunham que um mestre formava o homem ou lhe dava vida real. Eles buscavam, portanto, ser chamados de “pai”, como se fossem a fonte da verdade e não Deus. Cristo ensinou que a fonte de toda vida e verdade é Deus, e ninguém deveria buscar ou receber um título que pertence propriamente a Ele. Ninguém deveria ser tão reverenciado quanto Deus é.
Esta denúncia é igualmente relevante hoje. De maneira alguma qualquer pessoa deve admirar, seguir ou elevar um líder humano em qualquer organização religiosa ou igreja acima de Jesus Cristo. Jesus é o Cabeça da Igreja, que é Seu corpo. Ele sozinho é o autor de nossa salvação, fonte de conforto em dificuldades e força para viver a vida cristã. Ele é o único para quem nossas orações devem ser dirigidas. Ninguém mais tem o direito de dizer: “Olhe para mim para ter suas necessidades espirituais supridas.” A advertência de Jesus contra chamar homens de “pai” é uma cautela contra a ostentação, orgulho e hipocrisia.
Os católicos romanos chamam seus padres de “pai”, e o Papa é o “santo padre”. Os abades recebem seu título da palavra aramaica abba, que significa “pai”. Isso é claramente antibíblico. O sacerdote como “pai” é problemático. No caso de “santo padre”, não há dúvida de que este título é antibíblico. Nenhum homem pode assumir o título de “santo” qualquer coisa, porque apenas Deus é santo. Este título dá ao Papa um status que nunca foi pretendido para qualquer homem na terra. Nem mesmo o apóstolo Paulo fez uma reivindicação à santidade, referindo-se a si mesmo como o principal dos pecadores (1 Timóteo 1:15). Embora como cristãos tenhamos trocado nosso pecado pela justiça de Cristo (2 Coríntios 5:21), a santidade não será alcançada até que estejamos no céu e tenhamos deixado os últimos vestígios de nossa natureza pecaminosa para trás. Até lá, o Papa não tem mais santidade do que o cristão médio e não tem direito de ser chamado de “santo padre”.
E quanto à referência do apóstolo Paulo a “nosso pai Abraão” e sua implicação de que ele mesmo é um pai para Timóteo e Tito? Quando Paulo se refere a Abraão como “nosso pai” em Romanos 4:12, ele não está cometendo o mesmo erro que os fariseus. Paulo está dizendo que a promessa que nos salva foi dada primeiro a Abraão, que acreditou com fé. Paulo está destacando que Deus começou o Seu plano de redenção de todas as nações com Abraão e que Abraão é o modelo de justificação pela fé, à parte da Lei (versículo 3). Paulo não está elevando Abraão ao nível de Deus ou atribuindo um título oficial a Abraão, mas apenas reconhecendo sua fé. Abraão é o “pai” metafórico de todos os que acreditam em Cristo, no sentido de que ele é o protótipo da fé.
Quando Paulo chama Timóteo e Tito de seus “filhos” (veja 1 Timóteo 1:2, 18; 2 Timóteo 1:2; e Tito 1:4), ele está simplesmente afirmando que foi uma figura paterna para aqueles a quem ensinou o evangelho. Paulo se comprometeu a ensinar, corrigir e treinar seus protegidos. Ele era mais do que um professor para Timóteo e Tito; ele era como um pai porque os amava muito e era um guia para eles em seus ministérios. Paulo não estava se colocando no lugar de Deus, e nunca exigiu que alguém o chamasse de “pai”. Ao se referir a Timóteo e Tito como seus filhos, Paulo estava expressando seu amor por eles. Paulo cuidava deles como um pai ama seus filhos e busca seu bem-estar.
Assim como não há nada de errado em usar a palavra pai metaforicamente, não há nada de errado em chamar nossos pais terrenos de “pai” e “mãe”. Ao fazer isso, não estamos dando a nossos pais um título elevado ou posição que pertence somente a Deus. Nossos pais terrenos são dignos de honra, e devemos honrar nossos pais diariamente no espírito de Êxodo 20:12, Mateus 15:4 e Efésios 6:1–3.
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Jesus quis dizer que nunca devemos nos referir ao nosso pai terreno como 'pai' (Mateus 23:9)? É errado que os católicos se refiram a seus padres como 'pai'?