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Pergunta

O que é o tesouro do mérito?

Resposta


No Catolicismo Romano, o tesouro do mérito é o armazém superabundante de justiça e boas obras pertencentes a Cristo, à Virgem Maria e aos santos. O tesouro do mérito é preenchido com o mérito de Cristo e Maria (que eram sem pecado) e dos santos, que tinham mérito mais do que suficiente para entrar no céu por si mesmos - eles ganharam mais recompensas espirituais do que precisavam. Este mérito agora está disponível para outros para "complementar" suas próprias obras meritórias.

De acordo com Roma, apenas uma gota do sangue de Cristo conteria mérito suficiente para salvar o mundo inteiro, portanto, o sangue excessivo que Cristo derramou na cruz foi armazenado em um tesouro do mérito no céu. Claro, a Bíblia não diz nada sobre o número de gotas de sangue que Cristo derramou ou quantas foram suficientes para a salvação. A ênfase na Bíblia não está no volume físico do sangue de Jesus, mas no ato de sacrifício. O sangue de Jesus foi derramado para cumprir a exigência do Antigo Testamento para sacrifícios de sangue, de modo que tais sacrifícios não eram mais necessários (Levítico 17:11; Hebreus 9:11–18).

A doutrina católica ensina que não apenas o excesso do trabalho meritório de Cristo é armazenado no tesouro de méritos, mas também as obras justas de Maria e outros santos. Maria, o catolicismo sustenta, era sem pecado, e ela ganhou muito mais mérito do que precisava para entrar no céu, então o seu mérito "extra" foi adicionado ao tesouro. De acordo com o Catecismo da Igreja Católica, "Este tesouro inclui também as orações e boas obras da Virgem Maria. Elas são verdadeiramente imensas, insondáveis e até imaculadas em seu valor diante de Deus. No tesouro também estão as orações e boas obras de todos os santos, todos aqueles que seguiram os passos de Cristo, o Senhor, e por sua graça tornaram suas vidas santas e cumpriram a missão na unidade do Corpo Místico."

A filosofia por trás do tesouro de méritos é totalmente contrária à Bíblia. Na verdade, a ideia é o oposto das ensinamentos de Cristo e dos apóstolos. Para começar, a visão católica de que as pessoas podem entrar no céu se fizerem coisas boas suficientes elimina basicamente a necessidade de um Salvador. Se algumas pessoas têm muito mais mérito do que realmente precisam para entrar no céu, então segue-se que são as obras meritórias, e não a graça, que são a base da salvação. Mas Efésios 2:8–9 afirma: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se orgulhe.”

Ninguém entra no céu com base em seu próprio mérito. A Bíblia claramente ensina que "o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo. Nós também temos crido em Cristo Jesus, para sermos justificados pela fé em Cristo e não pelas obras da lei, pois ninguém será justificado pelas obras da lei” (Gálatas 2:16). Veja também Romanos 3:20–27.

Além disso, a ideia de que Maria era sem pecado e suas boas obras poderiam, portanto, ser transferidas para outros, nega um ensinamento claro da Escritura. Paulo foi enfático sobre este assunto: “Porque todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus” (Romanos 3:23). Ele não disse "todos pecaram exceto Maria". Ele disse "todos"; todo mundo, cada pessoa, é pecador. Ele também disse: “Não há justo, nem um sequer” (Romanos 3:10; cf. Salmos 14:3). O "nem um" inclui Maria. Maria mesma reconheceu essa verdade, ou seja, que todos pecaram e precisam de um Salvador. Ela declarou: “o meu espírito exulta em Deus, meu Salvador” (Lucas 1:47, grifo nosso). Maria não só não tinha mérito suficiente para fazer com que outros entrassem no céu, ela não tinha mérito suficiente para ela mesma entrar no céu! É por isso que ela se regozijou em seu Salvador.

Talvez, o mais grave de tudo, o Catolicismo romano ensina que o tesouro de méritos está sob a responsabilidade do Papa, que sozinho possui o poder de dispensar méritos a seu critério por meio das chamadas "indulgências". Ele pode retirar mérito do tesouro de méritos e aplicá-lo àqueles que podem então chegar mais perto do céu do que conseguiriam com seus próprios méritos. Historicamente, a Igreja Romana permitiu que as pessoas comprassem este mérito, por exemplo, doando dinheiro para projetos importantes da igreja. A compra de indulgências do tesouro de méritos também poderia ser aplicada àqueles no purgatório, a fim de encurtar seu tempo lá. Foi a venda de indulgências que indignou Martinho Lutero e outros. Assim, o conceito de um tesouro do mérito foi parte do que motivou a Reforma Protestante.

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