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Pergunta

O caricatura que Richard Dawkins faz do Deus do Antigo Testamento é precisa?

Resposta


Em seu livro de 2006, Deus, um Delírio, e em inúmeros discursos, Richard Dawkins disse: “O Deus do Antigo Testamento é, sem dúvida, o personagem mais desagradável da ficção: ciumento e orgulhoso disso; um controlador mesquinho, injusto, implacável; um vingativo, sedento de sangue, etnocida; misógino, homofóbico, racista, infanticida, genocida, filicida, pestilencial, megalomaníaco, sadomasoquista, caprichosamente malévolo e opressor." Trata-se mais de uma caricatura de Deus do que uma caracterização.

Uma resposta às acusações de Dawkins contra Deus é feita melhor ao examinar sua crítica abrangente e depois trabalhar em algumas de suas acusações mais específicas.

A principal acusação de Dawkins contra Deus é que Ele é imoral e malicioso por causa dos julgamentos que Ele profere que envolvem a morte de certas pessoas. Dawkins chega à sua conclusão por meio de uma leitura superficial e depurada de certos trechos do Antigo Testamento, incluindo o dilúvio que destruiu o mundo (Gênesis 6:17) e a expulsão ou morte de várias pessoas (por exemplo, Deuteronômio 7:1–2), especialmente aqueles na terra favorecida por Deus a Israel (Deuteronômio 20:16–17) e os inimigos nacionais de Israel (1 Samuel 15:3).

No entanto, lendo essas passagens em seus contextos e compreendendo a história dessas civilizações antigas, temos uma imagem diferente. Com um tratamento justo do texto, um padrão claro emerge sobre como Deus chega às suas declarações de julgamento sobre vários povos:

• Deus adverte sobre um julgamento vindouro que será usado para remover um câncer moral de Sua criação.

• Os julgamentos individuais são proferidos por atos extremos de maldade.

• Cada julgamento é precedido por avisos e, frequentemente, longos períodos de tempo para dar às pessoas a chance de se arrependerem. Por exemplo, as pessoas do tempo de Noé foram avisadas sobre o desastre iminente por centenas de anos. Os cananeus foram avisados com mais de 400 anos de antecedência do juízo de Deus sobre eles (Gênesis 15:13–16).

• A presença de pessoas “boas” ou “inocentes” na situação atrasa ou interrompe totalmente o julgamento. Por exemplo, antes de o juízo cair sobre Sodoma e Gomorra, Abraão perguntou a Deus: “Destruirás o justo com o ímpio?” e foi informado que se Deus encontrasse apenas dez pessoas justas nessas cidades, Ele reteria o julgamento (Gênesis 18:22–32).

• Normalmente é fornecida uma forma de escapar. Por exemplo, a Bíblia registra que as famílias muitas vezes recebiam a opção de fugir de uma terra sendo conquistada pelo povo de Deus. Apenas aqueles que desconsideraram essa opção receberam julgamento.

• Uma pessoa ou grupo de pessoas pode ser redimido da cultura que recebe um juízo de Deus (por exemplo, Raabe e a cidade de Jericó em Josué 2).

• Finalmente, após os avisos e após a oferta de misericórdia, o julgamento cai sobre um povo moralmente perverso e recalcitrante.

Se as ações maléficas julgadas por Deus no Antigo Testamento fossem catapultadas para o século XXI e transmitidas ao redor do mundo, haveria um clamor global por uma ação militar forte para pôr um fim imediato às atrocidades. O mundo em geral não ficaria passivo enquanto uma nação praticasse abertamente o sacrifício de crianças, genocídio, tráfico humano e tortura de criminosos e prisioneiros de guerra. Se os seres humanos exigem julgamento severo sobre o mal nacional, por que Deus deve ser criticado por realizá-lo?

Mas e outros aspectos da caricatura de Dawkins de Deus? Deus é misógino? Não, a Bíblia diz que as mulheres são iguais aos homens em natureza (Gênesis 1:27), em valor de vida (Êxodo 21:28), em redenção (Gálatas 3:28), em dotação espiritual (1 Coríntios 12:1–10), em liderança política (Juízes 4:4–7) e em liderança empresarial (Provérbios 31).

Deus é infanticida? Não, Deus declara nada além de amor e proteção para as crianças, incluindo os nascituros (Êxodo 21:22–25). As únicas crianças a experimentarem os julgamentos de Deus na Bíblia foram aquelas cujos pais resistiram aos apelos de Deus para o arrependimento ou expulsão de suas terras.

Deus é filicida? (A referência aqui é provavelmente ao fato de Deus ter dito a Abraão para sacrificar seu filho Isaque.) Não, Deus não é filicida. Sendo onisciente, Deus sabia o que aconteceria e que Isaque não morreria, mas Ele permitiu que o episódio se desenrolasse para prefigurar a morte do Filho de Deus no futuro.

Deus é homofóbico? Não, Ele oferece Sua graça e redenção a todos, incluindo homossexuais (1 Coríntios 6:9–11).

Deus é racista? Não, Ele é o Criador de todos e todos são feitos à Sua imagem (Gênesis 1:27). O racismo viola diretamente a regra de ouro de amar seu próximo como a si mesmo (Levítico 19:18). As caricaturas de Deus como racista geralmente giram em torno de Israel expulsando outras nacionalidades de suas terras; no entanto, deve-se notar que 1) tal julgamento foi realizado apenas em resposta ao pecado do povo; 2) Israel foi mantido no mesmo padrão e muitas vezes foi punido da mesma maneira (Deuteronômio 9:4–5), então não havia favoritismo racial.

Em relação à misericórdia de Deus, um fato pouco conhecido da Bíblia é que a palavra misericórdia, como se relaciona com Deus e Sua criação, é usada apenas 70 vezes no Novo Testamento, mas 290 vezes no Antigo Testamento. Em outras palavras, o Antigo Testamento fala da misericórdia de Deus quatro vezes mais do que o Novo Testamento.

A misericórdia e o amor de Deus eram bem conhecidos nos tempos do Antigo Testamento. O profeta Jonas conhecia muito bem a misericórdia de Deus - e a desprezava, pelo menos em uma ocasião. Deus havia ordenado a Jonas que entregasse um aviso de julgamento a Nínive, e Jonas resistiu a princípio. Mais tarde, Jonas revela por que havia sido tão relutante: “Então orou ao SENHOR e disse: Ah! SENHOR! Não foi isso que eu disse quando ainda estava na minha terra? Por isso é que fugi depressa para Társis, pois sabia que és Deus compassivo e misericordioso, paciente e cheio de amor, e que te arrependes do mal” (Jonas 4:2). Jonas não queria que os ninivitas fossem salvos, mas ele sabia que Deus, em Sua misericórdia, iria salvá-los.

O verdadeiro Deus não se parece nem um pouco com a caricatura que Richard Dawkins faz dEle. A crítica de Dawkins ao Deus da Bíblia serve para mostrar como ele e outros ateus militantes se sentem sobre Deus e Sua autoridade. Sua visão pode ser resumida nesta afirmação: "Não há Deus - e eu o odeio!"

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