O primeiro filho de Abraão foi Ismael através de Agar, a serva egípcia de sua esposa (Gênesis 16:1–4).
O segundo filho de Abraão foi Isaque por meio de Sara, sua esposa (Gênesis 21:1–3). Isaque era o filho que Deus havia prometido a Abraão (Gênesis 15:4–5).
Após a morte de Sara, Abraão teve seis filhos por meio de Quetura, outra concubina: Zinrã, Jocsã, Medã, Midiã, Isbaque e Suá (Gênesis 25:1, 6). Os filhos de Quetura tornaram-se os pais das tribos árabes que viviam a leste de Israel.
Algumas pessoas afirmam que a Bíblia comete um erro em relação ao número de filhos de Abraão. Em Gênesis 22:2, Deus fala com Abraão após o nascimento de Ismael, referindo-se a Isaque como “teu filho, teu único filho, a quem amas”. Então Hebreus 11:17 identifica Isaque como o “único filho” de Abraão. E Gálatas 4:22 menciona apenas Isaque e Ismael: “Está escrito que Abraão teve dois filhos”. Como se poderia dizer que Abraão tinha um “filho único” e “dois filhos”, quando na realidade tinha oito filhos?
Não há verdadeira contradição nas passagens acima. Isaque foi o único filho prometido a Abraão e por meio de quem Abraão se tornaria o pai de muitas nações (Gênesis 12:1–3; 17:1–8; 21:12). Além disso, Isaque foi o único filho de Sara e Abraão — Sara sendo especificamente mencionada nas profecias de Gênesis 17:16–21 e 18:10. Além disso, Isaque é o único filho nascido em um casamento oficial: Agar e Quetura eram ambas concubinas. Embora Deus tenha abençoado os filhos das concubinas por causa de Abraão, esses filhos não tiveram parte na herança. Isaque foi o único herdeiro legítimo da promessa (Gênesis 15:4–5; 25:5).
Gênesis 22:2 e Hebreus 11:17 se referem a Isaque como o “único filho” de Abraão porque essas passagens dizem respeito à promessa e aliança de Deus. Visto que os outros sete filhos de Abraão não fazem parte da aliança, eles são irrelevantes para a questão e não são mencionados como filhos. Abraão teve outros filhos, mas apenas um filho da promessa.
O tema principal em Gálatas é a justificação pela fé, à parte da Lei. Gálatas 4:22 menciona apenas dois filhos, Isaque e Ismael, em uma alegoria para destacar o contraste entre a antiga aliança da lei e a nova aliança da graça. O primeiro leva à escravidão, enquanto o segundo à liberdade e à vida. O raciocínio de Paulo é o seguinte: Ismael era filho de Agar, uma escrava, e assim simboliza a servidão e a escravidão à Lei. Ismael foi o produto de um esforço humano para trazer a bênção de Deus; Ismael iguala as obras da Lei. Isaque nasceu de uma mulher livre, Sara, e assim simboliza a liberdade e a vida. Isaque nasceu no tempo de Deus, de acordo com a promessa de Deus, sem intrigas ou interferência do homem; Isaque é igual ao dom da graça. Esta passagem em Gálatas 4 destina-se a ensinar uma lição espiritual (versículo 24), não a dar um relato detalhado da vida de Abraão e quantos filhos reais ele teve. Mencionar os outros seis filhos não teria servido a nenhum propósito significativo na alegoria de Paulo.
Espiritualmente falando, Abraão tem muitos, muitos filhos. A Bíblia aponta para a fé de Abraão (Gênesis 15:6) e afirma que “que os da fé é que são filhos de Abraão” (Gálatas 3:7; cf. versículo 9). Os que exercem a mesma fé que Abraão teve mostram-se como ele, espiritualmente, e por isso podem ser corretamente chamados de seus “filhos”. Todos os que confiam em Cristo, como fez Zaqueu, tornam-se verdadeiros filhos de Abraão (Lucas 19:9). “Essa é a razão por que provém da fé, para que seja segundo a graça, a fim de que seja firme a promessa para toda a descendência, não somente ao que está no regime da lei, mas também ao que é da fé que teve Abraão (porque Abraão é pai de todos nós)” (Romanos 4:16).