Resposta:
A palavra abuso tem assumido muitos significados ao longo do tempo. Imediatamente, a maioria supõe que o abuso envolve raiva ou alguma forma de violência física. Esta é uma visão simplista e muitas vezes enganosa do abuso. A raiva é uma emoção que Deus nos deu a fim de nos alertar para problemas. A ira justa não é pecaminosa e não deve ser associada ao abuso. A raiva mal administrada certamente pode levar a uma resposta pecaminosa e abusiva, mas é um coração pecaminoso, não a emoção da raiva, que é a causa raiz do abuso.
A palavra abuso é usada para descrever os maus-tratos ou uso indevido de praticamente qualquer coisa. Falamos de abuso de confiança, drogas, instituições e objetos. Essas formas de abuso são pecaminosas pela mesma razão que o abuso dirigido às pessoas é pecaminoso. Tais maus-tratos são motivados pelo egoísmo e resultam em danos e destruição. As pessoas abusam de outras por várias razões, mas o egoísmo é a base de todo abuso. Nós tendemos a atacar quando as coisas não acontecem do nosso jeito.
Alguns abusos podem ser sutis. O abuso emocional pode ser difícil de detectar porque, na superfície, não há evidências observáveis do abuso, mas isso não significa que os efeitos sejam menos dolorosos ou menos destrutivos. Exemplos de abuso emocional incluem ataques verbais, críticas, favoritismo, manipulação, engano, ameaças e expressões retidas de amor.
Qualquer um pode ser um agressor, independentemente da idade, sexo, etnia ou origem. As vítimas de abuso podem ser enredadas em um ciclo muito difícil de quebrar. As crianças não têm responsabilidade pelo abuso sofrido na infância, mas muitas vezes carregam seus efeitos até a idade adulta, repetindo os padrões. As crianças precisam ser protegidas do abuso. Pais abusivos estão amaldiçoando seus filhos em vez de abençoá-los como deveriam (Salmo 112:2; Provérbios 20:7).
A Bíblia considera o abuso como pecado porque somos chamados a amar uns aos outros (João 13:34). O abuso desconsidera os outros e é o oposto desse comando. Um abusador deseja satisfazer o seu egoísmo natural, independentemente das consequências para si mesmo ou para os outros. Várias passagens na Bíblia condenam veementemente tirar vantagem ou abusar de outros (Êxodo 22:22; Isaías 10:2; 1 Tessalonicenses 4:6).
Todos são culpados de abuso em algum nível, porque todos ficam aquém do mandamento de Deus de amar os outros sacrificialmente. Somente o amor de Jesus em nós pode amar verdadeiramente os outros; portanto, o verdadeiro amor só existe naqueles que aceitaram Jesus como seu salvador (Romanos 8:10).
Somente Jesus pode curar as feridas deixadas pelo abuso (Salmo 147:3). Infelizmente, muitas pessoas feridas estão esperando que o agressor venha reparar o dano que causou. Embora seja bom que o agressor assuma a responsabilidade e faça reparações àqueles que feriu, é Jesus quem concede paz aos que sofrem. Ele não é inconsciente nem apático aos que sofrem, especialmente às crianças (Marcos 10:14-16). Isso deve nos fazer pausar, sabendo que somos responsáveis pelo sofrimento que causamos aos outros. O Senhor Jesus cuida dos Seus seguidores e deu a Sua vida para demonstrar o Seu amor por eles (1 Pedro 5:7). Cristo certamente os confortará, vindicará e curará (João 10:11-15).
Os crentes precisam tomar responsabilidade por seu abuso dos outros a fim de quebrar o ciclo enquanto recebem ajuda para se recuperar de mágoas passadas. Um lugar seguro para fazer isso é no aconselhamento pastoral ou bíblico ou em um pequeno grupo de crentes, onde as pessoas possam ajudar a carregar os fardos uns dos outros (Gálatas 6:1-10). O Senhor nos capacitará a fazer o que Ele nos chamou para fazer, que é amar uns aos outros como Ele nos ama.