Pergunta: "O que a Bíblia diz sobre a autolesão / automutilação / cortar a si mesmo?"
Resposta:
O que consideramos automutilação hoje – comportamentos como cortar ou queimar – geralmente não é o mesmo tipo de automutilação que lemos na Bíblia. Grande parte da automutilação na Bíblia estava relacionada à adoração de ídolos pagãos. Mas vemos ocorrências bíblicas de automutilação relacionadas à opressão demoníaca, o que certamente ainda pode ser o caso em algumas situações hoje. Seja qual for a causa dos comportamentos de autoagressão hoje, a verdade bíblica é útil e relevante. Aqueles que se automutilam e aqueles que têm um amigo ou ente querido lutando com comportamentos de automutilação podem encontrar verdade, esperança e encorajamento na Palavra de Deus.
No Antigo Testamento, a automutilação era uma prática comum entre as falsas religiões. 1 Reis 18:24-29 descreve um ritual no qual aqueles que adoravam o falso deus Baal se cortavam com espadas e lanças, como era seu costume. Por causa das tradições dos pagãos, Deus fez uma lei contra esse tipo de prática. Levítico 19:28 diz: “Pelos mortos não ferireis a vossa carne; nem fareis marca nenhuma sobre vós. Eu sou o Senhor.” No Novo Testamento, cortar a si mesmo era associado a alguém possuído por demônios (Marcos 5:2-5). Era característico do comportamento causado por espíritos malignos.
A automutilação, como geralmente falamos sobre isso hoje, é um dano deliberado ao corpo como forma de lidar com a dor emocional, a raiva ou a frustração. Alguns descrevem sentir-se entorpecidos e escolhem se machucar para pelo menos sentir alguma coisa. Para alguns, a dor física induzida pela autolesão funciona como uma breve liberação de dor emocional ou outra energia emocional. Para outros, a dor física é uma distração da dor emocional que estão sentindo. Alguns usam a automutilação como meio de se punir por uma falta percebida; para outros, o dano está relacionado à sensação de controle sobre o próprio corpo, emoções ou circunstâncias da vida. Algumas pessoas se automutilam algumas vezes e param; para outras, torna-se um padrão de comportamento. Embora a automutilação geralmente não seja feita com intenção suicida, a intensidade do comportamento prejudicial pode aumentar. Embora o ato de automutilação possa resolver temporariamente a angústia emocional, o alívio geralmente dura pouco. Culpa e vergonha muitas vezes seguem. (www.mayoclinic.org/diseases-conditions/self-injury/symptoms-causes/syc-20350950, acessado em 28/01/2021; e www.covingtonbh.com/disorders/self-harm/signs-symptoms/, acessado em 1/28/2021.)
Você pode reconhecer comportamentos de automutilação em alguém ao notar arranhões, hematomas, marcas de queimaduras ou cortes em seu corpo. Você pode ver cicatrizes padronizadas como evidência de comportamento prejudicial passado. Você também pode notar que ele ou ela usa mangas compridas ou calças, mesmo em climas quentes. Além disso, você provavelmente notará sinais emocionais, como dificuldade em relacionamentos ou sua descrição de como se sente sem esperança ou desamparado. A automutilação tende a estar mais associada a adolescentes e adultos jovens, mas ocorre em todas as faixas etárias e gêneros. A automutilação é frequentemente associada a transtornos como ansiedade, depressão, transtorno bipolar, estresse pós-traumático, personalidade limítrofe, esquizofrenia, transtorno obsessivo-compulsivo e transtornos alimentares. Se você acha que alguém que você conhece está se machucando, leve o comportamento a sério. Fale gentilmente com eles sobre sua preocupação e sugira que procurem ajuda (como um conselheiro cristão profissional, conselheiro escolar ou profissional de saúde). Se seu filho se automutilar, você também pode conversar com o orientador escolar, pediatra ou outro médico. (ibid.)
Claramente, a automutilação não é um mecanismo de enfrentamento saudável e não é o desejo de Deus para as pessoas. A automutilação não resolve e não resolverá os problemas subjacentes que levam ao comportamento. Então, o que vai ajudar?
Primeiro, esta não é uma jornada para ninguém caminhar sozinho. É importante que as pessoas envolvidas em comportamentos de automutilação procurem ajuda (por exemplo, de um conselheiro cristão). Embora possa ser assustador, também pode ser útil que o sofredor confie em um amigo ou mentor de confiança que possa encorajar e ajudar na cura. Se seu filho está lutando contra a automutilação, você, como pai ou mãe, também pode precisar de algum apoio durante a jornada. Tente não levar a luta do seu filho para o lado pessoal. Estenda a compaixão e a misericórdia antes da raiva e do desapontamento. Não hesite em procurar amigos de confiança, ou até mesmo um conselheiro, que possa encorajá-lo a apoiar seu filho.
Em seguida, será importante reconhecer o que está motivando o comportamento para que a verdade da Palavra de Deus possa ser falada na situação. A automutilação é muitas vezes um sintoma de não ser capaz de lidar adequadamente com as próprias emoções ou o resultado de abusos ou traumas passados. Também pode ser um sintoma de opressão espiritual. Deus é mais do que grande o suficiente para lidar com nossas emoções. Ele vê e compreende a nossa dor. Sintonizar nossas mentes com a verdade de quem Deus é e a maneira como nos vê nos ajuda a navegar pela vida em um mundo caído. Deus também é grande o suficiente para nos libertar de qualquer opressão espiritual. De fato, somente Ele pode fazê-lo, portanto, voltar-se para Ele é primordial.
O maior passo da cura é colocar sua confiança em Jesus Cristo como seu Salvador, se você ainda não o fez. Por nós mesmos, estamos separados de Deus e sem esperança. Entretanto, Deus providenciou uma maneira de nos relacionarmos com Ele – Jesus Cristo (João 3:16–18). Jesus é totalmente Deus e totalmente humano. Ele viveu uma vida perfeita. Ele morreu na cruz para pagar o preço pelos nossos pecados. Cristo então ressuscitou, provando que é quem diz ser e que Seu sacrifício foi um pagamento suficiente para nós (1 Coríntios 15.:3-7; Filipenses 2:5-11). Quando colocamos a nossa fé nEle, nós nos tornamos filhos de Deus (João 1:12-13). Todas as coisas que fizemos que vão contra Deus são perdoadas (Efésios 1:3-10). Não apenas isso, mas recebemos o Espírito Santo para viver dentro de nós (Efésios 1:13-14). Deus nos convida a um relacionamento com Ele. Em Cristo as nossas vidas têm significado e propósito. Ainda suportamos as dificuldades deste mundo, mas sabemos que um dia Deus fará o mundo novo (João 16:33; Tiago 1:2–4; 1 Pedro 1:6–9; Apocalipse 21–22). Temos esperança de que estaremos com Ele por toda a eternidade. Também sabemos que Cristo está conosco todos os dias das nossas vidas (João 14:15–21, 26–27; 16:12–15; Mateus 28:20). Nós não estamos sozinhos!
Até mesmo as pessoas que conhecem Jesus como Salvador lutam com emoções difíceis e formas negativas de lidar com elas, como a automutilação. No entanto, não precisamos ter vergonha. Deus vê a dor e pode nos ajudar. Precisamos nos lembrar de quem é Deus e quem somos nEle. Descobrimos quem é Deus e o que diz sobre nós quando lemos a Sua Palavra. Por exemplo, veja Gênesis 1:1, Gênesis 16:13, Êxodo 3:14, Salmo 103, Salmo 136, Salmo 139, Hebreus 13:5–6, 8, Isaías 40, Tiago 1:16–17, 1 João 4 :8–10 e Apocalipse 4. A Bíblia também nos mostra como podemos derramar nossas emoções a Deus. Podemos levar nossa dor a Ele em oração. Veja Salmo 42, Salmo 46, Salmo 62, o livro de Jó, o livro de Lamentações, 1 Reis 19, Habacuque 3, Lucas 11:9–13, Hebreus 4:14–16 e 1 Pedro 5:7, por exemplo. Deus também nos dá a família de crentes para nos encorajar e caminhar ao nosso lado (Gálatas 6:2, 9–10; Hebreus 10:19–25; Romanos 12:15; Tiago 5:13–16; João 13:34–35). Portanto, busque apoio dos seus irmãos na fé.
Também importante será encontrar maneiras práticas de parar de se envolver no comportamento prejudicial. Coisas como orar, escrever em um diário, fazer obras de arte, dar um passeio, ligar para um amigo, tomar banho ou simplesmente se permitir chorar podem ser atividades de substituição úteis quando surgir o desejo de se machucar. Um conselheiro pode ajudá-lo a elaborar um bom plano para ajudar a conter os comportamentos prejudiciais, além de ajudá-lo a aprender melhores mecanismos de enfrentamento do estresse emocional.
A automutilação é um problema sério, mas não insuperável. A cura e a recuperação são possíveis com Deus, juntamente com o apoio de entes queridos, profissionais médicos e conselheiros espirituais confiáveis.