Resposta:
O budismo tibetano é outro nome para o budismo vajrayana. Antes de abordar os aspectos específicos do budismo tibetano, será necessário abordar algumas das características do budismo em geral.
O budismo é uma filosofia de vida baseada nos ensinamentos de Siddhartha Gautama, um príncipe que nasceu no hinduísmo e em uma vida de luxo. De acordo com a história (que é difícil de verificar, pois os primeiros registros são de cerca de 400 anos depois de sua vida), Gautama foi protegido por seus pais de todo o sofrimento. No entanto, quando ficou mais velho, acabou encontrando pessoas pobres, aleijadas e sofredoras. Ele começou a procurar uma maneira de as pessoas escaparem do sofrimento desenfreado que via ao seu redor. Ele não alegou ter recebido revelação divina, mas afirmou ter descoberto esse caminho por si mesmo. Assim, ele se tornou o Buda, ou o Iluminado. Gautama não alegou ser um deus, mas mais tarde alguns de seus seguidores o trataram como tal. De fato, a divindade não aparece com destaque no budismo - alguns seguidores podem adorar um deus ou deuses, enquanto outros podem ser ateus.
O Buda descobriu as Quatro Nobres Verdades que permitiriam escapar do sofrimento. Embora o objetivo final seja o Nirvana, que só pode ser alcançado com a extinção de todos os aspectos do indivíduo, é possível obter paz de espírito e tranquilidade interior nesta vida. É esse aspecto do budismo (zen) que costuma ser mais atraente para os ocidentais atarefados.
Segue um breve resumo das Quatro Nobres Verdades:
1. A vida está totalmente saturada de dor.
2. O sofrimento se deve ao desejo.
3. A pessoa pode escapar se não se envolver com o mundo e abandonar o desejo.
4. Seguir o Caminho Óctuplo (A quarta verdade tem oito passos):
- Aceitação das Quatro Nobres Verdades
- Compromisso total com a autodisciplina necessária para seguir o caminho
- Discurso caridoso e humilde
- Conduta benevolente
- Meio de vida benevolente (não pode envolver matar pessoas ou animais)
- Autodisciplina
- Manter a autoconsciência com relação ao estado do corpo e da mente
- Meditação profunda com foco em um único objeto até que o próprio pensamento cesse e um estado de pureza total seja alcançado, não produzindo nem dor nem prazer. O desejo é eliminado. A iluminação total é alcançada.
Todas as armadilhas do budismo são simplesmente técnicas, métodos ou auxílios para ajudar uma pessoa a alcançar esse estado desejado. No budismo, não há pecado e não há necessidade de um Salvador. As pessoas são simplesmente ignorantes e precisam ser informadas sobre o que lhes permitirá escapar do mundo de dor e sofrimento. Isso só pode ser alcançado por meio de uma vida inteira de disciplina. A reencarnação faz parte dos ensinamentos budistas; entretanto, não é uma reencarnação pessoal. A pessoa, ou personalidade, é perdida, mas o material de que a pessoa é feita voltará novamente em uma nova forma. O estado final de descanso para o budista é perder toda a personalidade e tornar-se um com tudo o mais.
O budismo mahayana é o maior ramo do budismo e, geralmente, é a ele que se referem as pessoas que falam sobre o budismo em termos gerais.
O budismo vajrayana é um desenvolvimento do budismo mahayana. Devido à popularidade do budismo vajrayana nas nações do Himalaia, como Tibete, Nepal e Mongólia, ele também é conhecido como budismo tibetano. Por ser praticado em locais isolados, desenvolveu suas próprias crenças e práticas peculiares. É sincretista, incorporando algumas das crenças nativas dos convertidos antes de adotarem o budismo. Alguns dos antigos deuses foram transformados em Budas (seres iluminados). Essa variedade de budismo também ensina que, por meio de técnicas budistas avançadas, é possível contornar a jornada do budismo tradicional e alcançar a iluminação de forma direta e eficiente. Isso é feito por meio de técnicas consideradas muito avançadas e perigosas para os não iniciados. Essas técnicas são segredos guardados, mas envolvem várias formas de meditação e rituais. Diz-se que o próprio Buda praticou esses rituais, mas não os ensinou a seus seguidores devido aos riscos envolvidos. Como os iniciados juram segredo, é difícil saber exatamente quais são as técnicas e por que elas podem ser perigosas.
Muitas pessoas se familiarizaram com o budismo tibetano por causa da ocupação chinesa do Tibete. O Dalai Lama é o principal líder espiritual da escola Gelug ou "Chapéu Amarelo" do budismo tibetano, que é dominante na região central do Tibete. Acredita-se que o atual Dalai Lama seja a décima quarta reencarnação de um ser iluminado, o Buda da Compaixão, que escolheu renascer para servir à humanidade. Ele vive no exílio na Índia após uma tentativa fracassada de derrubar a ocupação chinesa no final da década de 1950.
