Resposta:
O termo consciência crística ganhou popularidade nos últimos anos, pois celebridades e figuras públicas afirmam que "encontraram a verdade" nessa forma de espiritualidade. Aqueles que defendem essa ideia às vezes se autodenominam cristãos; entretanto, sua definição da palavra cristão é muito diferente do significado bíblico. O nome do Senhor Jesus Cristo é usado como um meio de normalizar uma religião que nada mais é do que um misticismo oriental reformulado.
O site do Center for Christ Consciousness (Centro para a Consciência Crística) define a consciência crística como "o estado mais elevado de desenvolvimento intelectual e maturidade emocional". Eles continuam afirmando que "Jesus alcançou esse [estado superior de ser] em sua vida humana e recebeu esse termo [Cristo] antes de seu nome como reconhecimento de sua conquista desse status espiritual". Esse caminho está aberto a qualquer pessoa, independentemente de sua tradição religiosa, se e quando ela estiver aberta para se tornar um recipiente vivo de amor e verdade no planeta e se esforçar ativamente para alcançá-lo". Outro site o define desta forma: "A consciência crística é o estado de consciência de nossa verdadeira natureza, nosso eu superior e nosso direito de nascença como filhos de Deus." Não é preciso muita pesquisa para descobrir as raízes antigas dessa ideia. É a mesma filosofia centrada no homem que está por trás da maioria das religiões.
A chamada "consciência crística" tem sido conhecida por vários nomes na história, como jainismo, budismo, hinduísmo e a maioria das religiões místicas orientais. Mais recentemente, Deepak Chopra popularizou a versão "cristianizada" dessa mesma pseudoespiritualidade. O perigo dessa versão mais recente do misticismo é o uso de versículos bíblicos e termos cristãos, que podem facilmente desviar a atenção daqueles que não verificam as Escrituras por si mesmos.
A premissa básica do misticismo é que o homem pode, dentro de si mesmo, transcender a existência física e experimentar sua própria bondade como sendo "um" com o universo, sendo um deus ou existindo em qualquer plano superior em que ele escolha acreditar. O nome de Jesus é meramente usado como um adereço nessa última versão da mesma ideia. Jesus é visto como o "líder" que nos mostra como exaltar nossa própria bondade interior e, ao fazer isso, nos tornarmos justos com qualquer divindade que escolhermos reconhecer. Os grupos de consciência crística afirmam que Jesus ganhou o título de "Cristo" por canalizar perfeitamente a consciência divina que todos nós podemos alcançar, e tentam atribuir essa filosofia ao Senhor Jesus. Aqueles que defendem essa ideologia estão apenas usando o nome de Jesus como meio de adorar a si mesmos. Eles desejam encontrar absolvição sem arrependimento, confissão de pecado ou reconhecimento da morte e ressurreição substitutiva de Jesus (1 Coríntios 15:3-4).
Eclesiastes 1:9 diz: "O que foi será, e o que se fez, se fará novamente; não há nada novo debaixo do sol." Isso é verdade para o movimento da consciência crística. A salvação autodesenhada é meramente reembalada com um nome diferente, dessa vez enganando com sucesso aqueles que desejam partes do cristianismo, mas não o todo. Invocar o nome de Jesus acalma a consciência daqueles que são picados pela verdade da Palavra de Deus. Isso permite que os seguidores imaginem que alcançaram a salvação ao reconhecerem Jesus de alguma forma, enquanto ignoram as partes do evangelho que consideram desagradáveis. As pessoas sempre procuraram escolher o que gostam nas palavras de Jesus, mesmo quando Jesus estava na Terra (veja João 6:66).
Então, a consciência crística é uma forma verdadeira de cristianismo? Um site explica a consciência crística como "um nível de percepção em que você não vê mais erro em nenhuma ação que realiza ou em qualquer outro ser humano, mas vê apenas a beleza e a perfeição em todas as coisas. Pois a Consciência Crística não julga, não critica, não coage, não tenta [,] não tolera, não reage negativamente".
Foi isso que Jesus fez e ensinou? As Escrituras deixam claro que Jesus foi crucificado justamente por criticar e "reagir negativamente" ao sistema religioso estabelecido em Sua época (Marcos 12:12; Lucas 20:19-20). Ele não viu "a beleza e a perfeição em todas as coisas". Em vez disso, Ele repreendeu os arrogantes (Mateus 12:34), ordenou que os pecadores parassem de pecar (João 5:14; 8:11) e deixou claro que nem mesmo aqueles que pensavam ter alcançado a consciência de Cristo herdariam a vida eterna (Mateus 7:21-23). Ele disse que tinha vindo para oferecer a Si mesmo como um sacrifício pelo qual o homem pecador poderia ser perdoado (Mateus 20:28; João 12:27). Ele não flutuava em uma nuvem de euforia transcendente. As Escrituras nos permitem vê-Lo aflito (João 12:27), triste (João 11:35), irado (João 2:15-17) e em confronto (Mateus 23:33).
A consciência crística alega uma crença em Jesus Cristo, mas na verdade promove a fé na própria capacidade de se tornar agradável a Deus por meio de mudanças de atitude e experiências místicas. Gálatas 2:16 afirma que "o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo. Nós também temos crido em Cristo Jesus, para sermos justificados pela fé em Cristo e não pelas obras da lei, pois ninguém será justificado pelas obras da lei." A fé em Cristo não significa que nos esforçamos para ser como Ele em nossa própria força. Ele não se apresentou como um grande professor de moral. Ele foi crucificado porque afirmou ser o "Filho Unigênito de Deus" (João 1:14, 18; 3:15-18; 1 João 4:9). Tornar-se "conforme a imagem de Cristo" (Romanos 8:29) vem por meio do poder do Espírito Santo, dado àqueles que se arrependem e recebem Jesus como Salvador e Senhor (João 1:12; Marcos 6:12; 2 Coríntios 5:5).
A única "consciência crística" que a Bíblia ensina é encontrada em Filipenses 2:5-7: "Tende em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus, que, existindo em forma de Deus, não considerou o fato de ser igual a Deus algo a que devesse se apegar, mas, pelo contrário, esvaziou a si mesmo, assumindo a forma de servo e fazendo-se semelhante aos homens." Primeira Coríntios 2:16 diz que, como crentes, nós "temos a mente de Cristo". Mas isso é dito no contexto do homem espiritual versus o homem natural, que é incapaz de entender as coisas do Espírito (versículos 14-15). Quando nascemos de novo (João 3:3), recebemos o Espírito Santo como um dom (Lucas 24:49; Atos 2:38). Ele nos capacita a compreender as coisas espirituais (1 Coríntios 2:14), servir a Jesus com um coração de amor (Marcos 7:6; 1 Pedro 4:11) e viver em retidão apesar das tentações (1 Coríntios 10:13; 1 João 3:8-10).
1 João 4:1 nos orienta com relação a filosofias como a consciência de Cristo: "Amados, não acrediteis em qualquer espírito, mas avaliai se os espíritos vêm de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo." A consciência que agrada a Cristo é que os seres humanos reconheçam que somos pecadores (Romanos 3:23), confessem Jesus como Salvador e Senhor (Romanos 10:8-9) e O amem de todo o coração, alma, mente e força e ao próximo como a nós mesmos (Lucas 10:27).