Resposta:
A Guemará é um corpo de literatura dentro do Talmude. O Talmude é uma obra extensa que contém ensinamentos rabínicos de aproximadamente 200 a 600 d.C., amplamente dividida em duas partes: a Mishnah e a Guemará. Depois que a Mishnah foi concluída por volta do ano 200 d.C., seu conteúdo foi submetido a intenso estudo e debate por estudiosos durante séculos. As discussões e os ensinamentos desses estudiosos posteriores foram registrados para formar a Guemará, que funciona como uma espécie de comentário sobre a Mishnah. No entanto, o conteúdo da Guemará vai além de um simples comentário: ele também contém comentários sobre as Escrituras Hebraicas, parábolas e narrativas explicativas, orientações práticas para a vida e discussões sobre a teologia judaica. Todas essas diferentes categorias são entrelaçadas em um rico comentário sobre a fé e a prática judaicas.
Historicamente, o Talmude tomou forma em dois documentos diferentes, um na Palestina e outro na Babilônia. O Talmude palestino foi provavelmente compilado na primeira metade do século V e é mais curto do que o Talmude babilônico. O Talmude Babilônico, compilado e editado no século VI ou VII, é mais extenso e alcançou maior popularidade do que o Talmude Palestino. Ambos foram originalmente escritos em uma combinação de aramaico e hebraico, mas cada compilação contém uma versão diferente da Guemará, com diferentes ênfases e fontes de ensino rabínico.
A Guemará é incrivelmente valiosa para os estudos judaicos, pois mostra como os judeus medievais interpretavam a tradição rabínica à luz da Torá. Algumas das tradições contidas na Guemará podem se estender, de alguma forma, até a época de Jesus e, portanto, podem ser valiosas para a compreensão do judaísmo da época de Jesus. Entretanto, é preciso ter cautela ao tentar estabelecer paralelos entre o judaísmo da Guemará e o judaísmo do primeiro século de Israel. Vários séculos separam essas duas tradições, e é improvável que elas reflitam uma à outra com precisão.
A Guemará continua sendo uma parte vital da vida judaica moderna e é um recurso abundante para aqueles que buscam entender o desenvolvimento da fé e da prática judaica após a destruição de Jerusalém. Embora possamos aprender muito com o estudo da Guemará, os cristãos não a considerariam uma Escritura inspirada, mas um reflexo da sabedoria judaica medieval.
