Resposta:
O argumento do ajuste fino é uma aplicação específica do argumento teleológico para a existência de Deus. Um argumento teleológico busca demonstrar que a aparência de propósito ou design é, em si, evidência de um designer. O contra-argumento para tal afirmação sugere que o que "parece" ser projetado é simplesmente uma coincidência aleatória. O contra-argumento a essa refutação, por assim dizer, observa a drástica improbabilidade de certas coisas serem acidentais. Os argumentos de ajuste fino tendem a se concentrar na natureza específica do universo e em como ele parece ter sido cuidadosamente organizado para permitir a vida inteligente.
A física moderna reconhece um conjunto de constantes universais. Essas quantidades fundamentais são totalmente independentes: não são derivadas de mais nada. Propriedades como a resistência do aço ou a taxa de transferência de calor através do vidro são dependentes: são efeitos causados por uma combinação de outros fatores. Constantes independentes como a carga elementar de um próton, a constante de Planck, ou a velocidade da luz no vácuo, não são o resultado de outras forças ou efeitos. Eles estão "codificados" nos níveis mais fundamentais da realidade. A ciência moderna atualmente reconhece mais de vinte dessas constantes.
Os argumentos de ajuste fino observam estes e outros fatores que influenciam a natureza do universo. De acordo com o argumento do ajuste fino, a quantidade exata de cada constante física e as respectivas proporções devem ser exatamente como são para que a vida possa existir. Na maioria dos casos, a menor alteração em uma dessas constantes não apenas proibiria a vida como a conhecemos, mas também tornaria a maioria das formas de matéria impossíveis. Nosso universo não é apenas ajustado para permitir "algum tipo" de vida, mas parece ser organizado da única maneira que permite "qualquer vida" em absoluto.
As probabilidades envolvidas com o ajuste fino do universo não são comparáveis a ganhar na loteria ou ser atingido por um raio. As probabilidades da loteria são representadas usando oito ou nove dígitos, por exemplo, 1:109. Distribuir aleatoriamente um baralho de 52 cartas em perfeita ordem apresenta probabilidades de 1:1068. Físicos expressam as chances de arranjar "aleatoriamente" as constantes físicas universais na disposição atual usando números mais como 1:10120.
Nesse sentido, um universo capaz de sustentar vida inteligente é como um tesouro escondido em um cofre cuja chave tem milhões de números e cuja combinação correta tem milhões de dígitos. Um único dígito errado, em qualquer lugar, e não há resultado. Não pode ser parcialmente aberto ou quase todo aberto - a porta está totalmente fechada a menos que a combinação seja perfeita.
Se alguém abrisse essa fechadura de um milhão de dígitos, seria extremamente provável que fizesse isso de propósito. Desconsiderar imediatamente a façanha como uma chance aleatória seria insensato. Sem qualquer evidência de que a pessoa repetiu dígitos aleatórios até que o cofre se abrisse - assim como não temos nenhuma evidência de um universo cíclico ou realidades paralelas - a conclusão mais sensata é o "ajuste fino".
O ajuste fino aponta para propriedades específicas do universo e postula que algum poder superior escolheu deliberadamente sua disposição. Isso é baseado em uma suposição razoável, com base nas evidências disponíveis. Claro, assim como o argumento cosmológico, o argumento do ajuste fino dá poucas informações sobre a natureza do "Ajustador fino". Esse assunto deve ser explorado por outros meios.
