Pergunta: O que a Lei quis dizer quando se referiu a uma ordenança/estatuto que duraria para sempre?
Resposta:
A frase "estatuto perpétuo" é usada muitas vezes no Antigo Testamento, quase exclusivamente nos Livros de Moisés. A palavra traduzida como "perpétuo" é o hebraico olam, que significa "para sempre" ou "por muito tempo". Em outras palavras, uma ordenança duradoura se refere a um comando contínuo.
A primeira menção de um "estatuto perpétuo" é encontrada em Êxodo 12:14: "E este dia será um memorial. Vós o celebrareis como uma festa ao SENHOR e como estatuto perpétuo através de todas as vossas gerações." Essa ordem se refere à primeira Páscoa. Essa festa se tornaria uma tradição anual praticada a partir daquele momento. Em vez de um evento único, a Páscoa deveria ser um estatuto perpétuo.
Além da Páscoa, a queima contínua de lâmpadas no tabernáculo deveria ser um estatuto perpétuo, de acordo com Êxodo 27:21. As lâmpadas no tabernáculo não duravam para sempre, pois o tabernáculo seria posteriormente substituído pelo templo de Salomão, que foi destruído mais tarde. A ideia por trás de um "estatuto perpétuo" era que a lei fosse contínua, e não apenas para uma ocasião.
O sacerdócio levítico de Arão e seus filhos também é listado como um estatuto perpétuo (Êxodo 29:9), assim como a ordem para que eles se lavassem antes de entrar na tenda do encontro (Êxodo 30:20-22). Em Levítico, os estatutos perpétuos incluem não comer a gordura ou o sangue (Levítico 3:17), os sacerdotes se absterem de álcool (Levítico 10:9), o Dia da Expiação anual (Levítico 16), sacrifícios trazidos somente aos sacerdotes no tabernáculo (Levítico 17:1-7), os festivais judaicos anuais (Levítico 23) e lâmpadas, azeite de oliva e pão diante do Senhor no tabernáculo (Levítico 24:1-9).
Em Números, são mencionadas ordenanças mais duradouras: o toque de trombetas quando a comunidade deveria se mudar (Números 10:1-10), as ofertas (Números 15:15), a convocação de levitas para supervisionar o trabalho do tabernáculo (Números 18) e as regras relacionadas à limpeza ritual (Números 19).
Fora desses livros, apenas duas passagens mencionam um "estatuto perpétuo". Em 2 Crônicas 2:4, é feito um estatuto perpétuo referente à transferência da adoração do tabernáculo para o templo judaico em Jerusalém. Depois, em Ezequiel 46:14, é dado um estatuto perpétuo relacionado a um templo futuro profetizado pelo profeta Ezequiel (geralmente chamado de Templo Milenar).
Como observam essas passagens, a ideia de um estatuto perpétuo indicava uma lei contínua, mas nem sempre tinha a intenção de ser eterna. Além disso, os estatutos perpétuos da Bíblia estão relacionados ao tabernáculo, ao templo e às práticas de adoração dos filhos de Israel. A primeira e talvez a mais conhecida dessas práticas foi a Páscoa, o estatuto perpétuo que marcou o novo começo para os israelitas. Todos esses estatutos perpétuos foram ordenados por Deus ao povo de Deus como formas de obedecê-Lo e honrá-Lo.