Resposta:
Não, o Natal não é um feriado pagão. O Natal é a lembrança cristã e a celebração do nascimento de Jesus Cristo. Os cristãos acreditam que, em Cristo, Deus entrou na raça humana e por isso merece o título de Emanuel ou “Deus Conosco” (Mateus 1:23).
Mesmo assim, alguns dizem que várias tradições natalinas têm origem pagã, então a pergunta é legítima.
Primeiro, as origens pagãs do Natal estão longe de serem determinadas. O solstício de inverno, muitas vezes ligado ao Natal, nunca cai em 25 de dezembro. Da mesma forma, a Saturnália, que também foi proposta como a origem do Natal, nunca foi celebrada em 25 de dezembro. Outros símbolos de Natal, como árvores e velas, podem ter algumas conotações pagãs, mas são tão comuns na experiência humana que dificilmente se pode afirmar que seu uso foi exclusivo do paganismo.
Em segundo lugar, o significado de qualquer palavra, símbolo ou costume é determinado pelo uso atual, não pela origem. Muitas palavras e práticas se afastaram de suas origens e seu significado nem chega perto do que era antes. Por exemplo, a suástica existe há milhares de anos como um símbolo de boa sorte. Era, portanto, razoável que o partido nazista tomasse isso como seu símbolo, pois enfatizava que era o partido que trazia os bons tempos de volta à Alemanha, que passava por tempos difíceis após a Primeira Guerra Mundial. No entanto, seria uma tolice absoluta que uma pessoa decorasse sua casa hoje com suásticas com base em seu “real significado”. A suástica tem sido tão completamente identificada com os horrores do Holocausto que, na cultura atual, é um símbolo do anti-semitismo e de todas as coisas más. O significado original do símbolo é completamente irrelevante.
Da mesma forma, se você pedisse a alguém que falasse sobre a Nike, provavelmente mais de 90 por cento das pessoas falariam sobre uma marca de tênis e roupas esportivas com quase nenhuma menção à deusa grega da vitória que deu nome à empresa. Em uma pesquisa na Internet do termo Nike, seria necessário vasculhar dezenas de resultados antes de encontrar algo sobre a deusa grega Nike. Quando se vê alguém usando o famoso logotipo da Nike, o seu primeiro pensamento é de uma empresa moderna, não de uma deusa antiga, e ninguém presumiria que o usuário dessa roupa fosse um adorador da deusa.
Independentemente do que os símbolos de Natal possam ter significado, seu uso hoje precisa ser avaliado com base no que significam atualmente. Associar automaticamente velas, luzes coloridas ou árvores decoradas com a adoração pagã é injustificável.
Se houver práticas antibíblicas em nossa celebração de Natal, devemos abandoná-las. O feriado é bíblico, mas a gula não, então talvez essa seja uma área sobre a qual os cristãos precisam refletir em suas celebrações de Natal. A Bíblia não proíbe o consumo de bebidas alcoólicas, mas proíbe a embriaguez. Portanto, uma celebração cristã não deve incluir a embriaguez. Dar presentes é bíblico, mas contrair dívidas ou gastar além de suas possibilidades não é, portanto, os presentes de Natal devem ser comprados com responsabilidade. É bom que os cristãos examinem suas celebrações para certificar-se de que realmente honram a Deus.
Em terceiro lugar, nos choques entre culturas, sempre há uma tentativa de mudar e usar a linguagem e os símbolos culturais. Paulo não teve nenhum problema em usar um altar pagão para divulgar o evangelho. Falando no Areópago, diz: “Então, Paulo, levantando-se no meio do Areópago, disse: Senhores atenienses! Em tudo vos vejo acentuadamente religiosos; porque, passando e observando os objetos de vosso culto, encontrei também um altar no qual está inscrito: Ao Deus Desconhecido. Pois esse que adorais sem conhecer é precisamente aquele que eu vos anuncio" (Atos 17:22-23).
Se o que conhecemos como Natal originalmente começou como um feriado pagão, então foi copiado com tanto sucesso pelos cristãos que qualquer pagão que se preze ficaria triste com o que os cristãos fizeram com ele. As celebrações do Natal são tão completamente opostas ao paganismo que qualquer ligação entre os dois pode ser descartada.
Os cristãos que celebram o Natal não são mais pagãos do que as igrejas que se reúnem para adorar no domingo (assim chamadas porque era o "Dia do Sol" pagão) ou que realizam um culto de oração na quarta-feira (em homenagem ao deus nórdico Woden). As origens pagãs dos nomes dos dias da semana não têm nada a ver com as reuniões semanais da igreja, e os antigos feriados pagãos de inverno não têm nenhuma conexão real com a moderna celebração cristã do Natal.
Imagine um cristão do segundo ou terceiro século refletindo sobre a celebração da Saturnália em sua cidade. Pensava consigo mesmo: "Toda a cidade está comemorando a Saturnália com festas e presentes. Falam sobre 'libertar almas para a imortalidade' e 'o alvorecer de uma era de ouro'. Acho que este pode ser um bom momento para uma festa e convidar meus amigos para contar-lhes como suas almas podem ser verdadeiramente liberadas para a imortalidade e o alvorecer da verdadeira idade de ouro entre todos, o Reino de Deus. Acho que seria uma boa ideia também dar a eles alguns presentes para honrar a Deus que nos dá o maior presente de todos." Desta forma, uma celebração é "redimida" para a glória de Deus e os cristãos têm uma alternativa bíblica ao dia pagão.
Com cada prática cultural, os cristãos geralmente caem em três linhas diferentes de pensamento. Alguns simplesmente aceitam a prática inteiramente sem reflexão. Obviamente, isso é imprudente. Outros cristãos simplesmente a rejeitam e geralmente se refugiam em uma subcultura cristã. Finalmente, alguns refletem cuidadosamente sobre a prática cultural, aceitando o que podem, rejeitando o que é ímpio e salvando o que vale a pena salvar. Os cristãos têm sido tão bem-sucedidos em copiar algumas práticas culturais que ninguém mais lembra qual era o seu significado original. Se as origens do Natal são realmente pagãs, e essa transformação aconteceu, a Deus seja a glória! Tomara que isso aconteça com mais costumes e atividades sociais e culturais.
Embora não tenha sido escrito sobre o Natal, Romanos 14:5-6 parece se aplicar: "Um faz diferença entre dia e dia; outro julga iguais todos os dias. Cada um tenha opinião bem-definida em sua própria mente. Quem distingue entre dia e dia para o Senhor o faz; e quem come para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e quem não come para o Senhor não come e dá graças a Deus." Se um cristão não se sente confortável com alguns ou todos os aspectos da celebração do Natal, então deve fazer o que acredita ser certo. Ele não deve julgar os outros que acreditam e celebram de forma diferente, nem os outros devem julgá-lo, quando não há orientação bíblica clara.