Pergunta: O que é a ocultação divina / a ocultação de Deus?
Resposta:
A ocultação divina, ou o argumento da ocultação divina, é uma abordagem filosófica que tenta explicar por que algumas pessoas não reconhecem a existência de Deus, se Deus realmente existe. É também por vezes chamado de argumento da descrença razoável porque, de acordo com o argumento, é razoável não acreditar em um Deus que você não pode ver, mesmo que você queira que Ele esteja lá. Ele também sugere que um Deus perfeitamente amoroso garantiria que todas as Suas criaturas fossem incapazes de duvidar de Sua existência.
O argumento moderno mais conhecido para a ocultação de Deus foi desenvolvido pelo filósofo canadense J. L. Schellenberg (n. 1959). Schellenberg argumenta que Deus, sendo perfeito e pessoal, seria logicamente perfeitamente amoroso. Sendo um Deus amoroso, Ele procuraria (ou pelo menos estaria aberto a) uma conexão emocional com todas as Suas criaturas. Até aqui, isso é verdade e pode ser apoiado biblicamente (veja João 3:16 e 1 Timóteo 2:4). Mas Schellenberg continua a argumentar que, dado o caráter de Deus, qualquer pessoa que deseje um relacionamento com Deus poderia tê-lo e, portanto, estaria convencida da existência de Deus (porque você não pode ter um relacionamento com um Deus que você acha que não existe).
Schellenberg também observa que, se um Deus que se enquadra nesta descrição existisse, não haveria “descrentes não-resistentes”. Em outras palavras, não haveria qualquer pessoa que tanto a) gostaria de ter um relacionamento com Deus e b) não acredita na Sua existência. Mas, Schellenberg ressalta, esses “descrentes não-resistentes” existem. Existem pessoas que querem conhecer a Deus e, no entanto, descobrem que Ele está oculto para elas. Assim, de acordo com o argumento, Deus é amoroso (e sendo amoroso, não se esconde daqueles que desejam conhecê-lo), Deus deve não existir.
Devemos destacar que, quando o relacionamento entre Deus e o homem começou, Deus caminhava com Adão e Eva no jardim (Gênesis 3:8). Deus não estava oculto de forma alguma. Depois que o homem desobedeceu a Deus e caiu em pecado, o homem e sua esposa se esconderam de Deus. Portanto, é o homem quem iniciou a separação entre Deus e o homem. Nós nos escondemos, não Deus.
Além do mais, Deus fez a Sua existência conhecida através da criação (Salmo 19). Mas o homem suprime o conhecimento de Deus de várias maneiras (Romanos 1). Agora, o “descrente não-resistente” pode simplesmente ser uma pessoa que cresceu em uma cultura onde as filosofias e argumentos de descrentes resistentes (aqueles que ativamente suprimem o conhecimento de Deus) são prevalentes e ensinados na escola, na mídia, etc. O homem que, em seu coração, não é resistente a um relacionamento com Deus, mas não consegue entender a Sua existência, provavelmente tem sido cegado pelas mentiras daqueles que odeiam a Deus e querem suprimir o conhecimento dEle (veja 2 Coríntios 4:4). O descrente não-resistente é muito provavelmente influenciado por filosofias que escondem a face de Deus daqueles que procuram conhecê-lo. Isso é trágico, mas certamente não prova que Deus não ama as Suas criaturas.
Na verdade, é Deus quem buscou a humanidade para reconciliar o abismo entre Ele e nós causado pelo pecado (2 Coríntios 5:20; Romanos 5:10). Ele prometeu que, quando o buscamos, o encontraremos (Jeremias 29:13). “Pedi, e vos será dado; buscai, e achareis; batei, e a porta vos será aberta. Pois todo o que pede recebe; quem busca acha; e, ao que bate, a porta será aberta” (Mateus 7:7–8).
Ironicamente, ao formular um argumento sobre a ocultação divina, alguém deve confiar na revelação bíblica dEle. Para desenvolver um argumento de que um Criador perfeito não Se revela, temos de usar as próprias palavras de Deus. O Deus perfeito e amoroso contra quem Schellenberg argumenta é definido na Bíblia - a Escritura, é claro, é em si mesma a principal evidência da intenção amorosa de Deus de Se revelar aos homens.