Pergunta: O que significa que a terra era sem forma e vazia (Gênesis 1:2)?
Resposta:
Gênesis 1:1 nos diz, sem surpresa, que no princípio Deus criou os céus e a Terra. Não há nada de especialmente chocante nessa declaração. Entretanto, a declaração que se segue levantou algumas sobrancelhas: a terra era sem forma e vazia (Gênesis 1:2). O hebraico tohu é tipicamente traduzido como "sem forma", e bohu é traduzido como "vazio" ou "sem conteúdo". Gênesis 1:2 poderia ser traduzido como "aconteceu que a terra era sem forma e vazia".
Alguns sugeriram que talvez Deus tenha criado os céus e a Terra, e então algo aconteceu que fez com que a Terra passasse de totalmente criada e bela para "sem forma e vazia". Essa ordem de eventos tenta explicar a percepção da idade avançada da Terra. Nessa visão, geralmente chamada de teoria da lacuna, houve um longo período de tempo (uma lacuna) entre o que aconteceu em Gênesis 1:1 e Gênesis 1:2. Thomas Chalmers, a quem se atribui a popularização da teoria do intervalo, declarou sua opinião em 1814 de que "ele [Gênesis 1:1] não faz parte do primeiro dia, mas se refere a um período de antiguidade indefinida quando Deus criou os mundos a partir do nada. Considero que o início da obra do primeiro dia foi o movimento do Espírito de Deus sobre a face das águas. Podemos dar à geologia o maior tempo possível ... sem infringir nem mesmo as literalidades do registro mosaico" (Russell R. Bixler, Earth, Fire, and Sea: The Untold Drama of Creation, Baldwin Press, 1986, p. 86-87). A teoria da lacuna interpreta as palavras a terra era sem forma e vazia como um efeito posterior de algo que ocorreu entre os dois versículos. Embora a visão de Chalmers tenha sido impactante, teólogos posteriores, como C. I. Scofield, defenderam essa visão e influenciaram muitos a favor da teoria da lacuna.
O desafio para o intérprete bíblico é entender se o autor de Gênesis teve ou não a intenção de comunicar que algo poderia ter ocorrido em uma possível lacuna. A posição mais simples e historicamente defendida antes de Chalmers e outros defensores da lacuna era que a representação da Terra como sem forma e vazia era simplesmente uma expressão dos estágios de progresso durante o primeiro dia e não uma declaração da condição anterior à semana da criação.
Nesse entendimento sem lacuna, não há nenhuma tentativa de explicar o surgimento da idade e nenhuma consideração especial por quaisquer implicações teológicas. Os defensores da interpretação sem lacuna podem simplesmente afirmar que tudo o que foi criado tinha a aparência de idade. Por exemplo, Adão foi criado como um homem, capaz de falar e ter pensamento crítico. Obviamente, ele não foi criado como um bebê, daí a aparência de idade. O mesmo pode ser dito das árvores, montanhas, etc. Os defensores do entendimento sem lacuna geralmente não sentem uma necessidade teológica ou razão exegética para inserir uma lacuna de tempo entre os dois versículos e concluem que fazer isso seria um argumento do silêncio e não baseado em princípios interpretativos sólidos.