Pergunta: "O que podemos aprender com a tribo de Issacar?"
Resposta:
Cada um dos doze filhos de Israel / Jacó recebeu uma bênção de seu pai pouco antes da morte de Jacó. Os doze filhos foram os progenitores das doze tribos de Israel, e as bênçãos de Jacó continham informações proféticas sobre cada tribo. No caso da tribo de Issacar, Jacó profetizou: “Issacar é jumento de fortes ossos, de repouso entre os rebanhos de ovelhas. Viu que o repouso era bom e que a terra era deliciosa; baixou os ombros à carga e sujeitou-se ao trabalho servil” (Gênesis 49:14-15).
A primeira parte da profecia sobre a tribo de Issacar, cujo nome significa “ele trará uma recompensa” ou “homem de salário”, é um tanto obscura. A palavra traduzida como “de fortes ossos” também pode ser traduzida como “forte”. Também pode significar “ossudo” como em “nada além de pele e ossos”. Portanto, a profecia pode significar que os descendentes de Issacar seriam fortes e robustos, capazes de suportar fardos, ou que seriam magros e fracos e incapazes de fazê-lo.
A imagem de um jumento deitado entre suas cargas também pode ser interpretada de duas maneiras. Por um lado, pode representar um animal robusto descansando para a tarefa que tem pela frente. Por outro lado, os jumentos também são conhecidos por se abaixar teimosamente entre suas cargas para não terem que fazer o trabalho. Mais uma vez, a profecia evita uma interpretação dogmática. A história posterior de Issacar na Bíblia não apoia conclusivamente nenhuma das interpretações.
Quanto à segunda parte da profecia, alguns comentaristas acreditam que é uma indicação de que os descendentes de Issacar seriam fazendeiros - a referência a "trabalho servil" significa que seriam servos da terra. Outros veem isso como uma previsão de trabalho forçado, embora nada nas Escrituras indique que a tribo de Issacar foi forçada a qualquer forma de escravidão. A redação hebraica é imprecisa e as traduções variam amplamente.
Há outra referência aos homens de Issacar durante a luta de Davi contra Saul (1 Crônicas 12:32). Os duzentos chefes de Issacar que são fiéis a Davi são descritos como "conhecedores da época, para saberem o que Israel devia fazer, duzentos chefes e todos os seus irmãos sob suas ordens". Os estudiosos estão divididos quanto ao significado da frase "conhecedores da época". Alguns descrevem os homens de Issacar como politicamente astutos, sabendo como usar os eventos atuais em seu próprio benefício. Outros interpretam a frase como significando que eram famosos por seu conhecimento de astronomia e ciências físicas. E outros os veem como homens prudentes e sábios que, por sua cultura religiosa, sabiam que era o momento certo para Davi se tornar rei. A verdade é que não sabemos ao certo.
Como parte do reino do norte de Israel, o território de Issacar foi conquistado pelos assírios por volta de 720 a.C. e a tribo foi exilada. Depois disso, todas as referências bíblicas específicas à tribo desaparecem.
Como devemos entender essas referências a Issacar e suas diferentes interpretações, e o que significam para nós como cristãos? Primeiro, é importante entender que as profecias de Jacó para seus filhos eram apenas isso: profecias para seus filhos. Devemos ter muito cuidado para não aplicar as passagens do Antigo Testamento à Era da Igreja ou aos cristãos em geral. No entanto, podemos extrair certos princípios gerais sobre o trabalho e suas recompensas. A Bíblia deixa claro que o trabalho é um dom de Deus para o benefício de Seu povo (Eclesiastes 3:12-13; 5:18-20) e que aqueles que não trabalham não devem comer (2 Tessalonicenses 3:10). A Bíblia contém numerosas referências àqueles que trabalham e colhem recompensas, tanto material como espiritualmente (2 Crônicas 15:7; 1 Coríntios 3:8,14; 2 João 1:8; Apocalipse 2:23; 22:12).
Há quem indique que as diferentes traduções de Gênesis 49:14-15 são prova da inconsistência da Bíblia. No entanto, deve-se ter em mente que tais casos de obscuridade são extremamente raros e nenhuma das doutrinas fundamentais da fé cristã está em questão. Quer o jumento tenha sido ossudo ou robusto não afeta os ensinamentos da Bíblia sobre o pecado, a morte, o julgamento, o céu, o inferno, a Expiação de Cristo ou uma série de outras doutrinas. As Escrituras contêm ampla informação sobre essas doutrinas para que sejam claramente compreendidas por todos os que têm “ouvidos para ouvir” (Marcos 4:9, 23).